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Vamos à praia?

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Estamos a adaptar-nos a um novo estilo de vida em que o contacto e a proximidade são sinónimos de medo e perigo. Mas a vida continua e as férias chegaram, assim como o bom tempo e a vontade de apanhar banhos de sol. Porém, vestir o fato de banho, calçar os chinelos de dedo e pegar na toalha já não é suficiente para sair e apanhar banhos de sol à praia mais próxima. A COVID-19 veio moldar hábitos e rotinas nas mais pequenas coisas e, para aproveitar o que o mundo nos oferece dentro da segurança de todos, é necessário cumprir regras e conselhos. Neste âmbito, o Diário da República publicou o Decreto-Lei n.º 24/2020, de 25 de maio que estabeleceu as regras de acesso, ocupação e utilização das praias de banhos, no contexto da pandemia. Mais ainda, a época balnear de 2020 foi encurtada e no Norte, a época balnear iniciou-se 12 dias depois do que em 2019, arrancando a 27 de junho, e terminou em 30 de agosto, 16 dias antes do que no ano passado. 

O JUP desenvolveu um inquérito direcionado para a comunidade da Universidade do Porto (UP) para melhor compreender a percepção dos jovens estudantes neste contexto. Este inquérito contou com a participação de 266 alunos entre Julho e Agosto. Dos principais resultados salienta-se que mais de 80% (82,3%) dos participantes não conhecem a lei estabelecida para o uso da praia e muitas dúvidas ficaram nas novas regras a adoptar: 52,6% achava que não conhecia a totalidade das novas regras e 28,2% considerou que talvez conhecesse.

O decreto-lei estabeleceu deveres direcionados para os utentes e para as entidades concessionárias. Ficou ao encargo das concessionárias garantir a higiene e limpeza dos equipamentos, fornecer informações aos utentes, assegurar a assistência aos banhistas e sinalizar o estado de ocupação das praias com o sistema das três cores de bandeiras que podia ser verificado através de aplicações móveis, como é o caso da aplicação “Info Praia” desenvolvida pela Agência Portuguesa do Ambiente. Esta opção não obteve muita adesão por parte da comunidade da UP: menos de 20% (17,4%) utilizaram aplicações móveis antes de arrancarem para a praia, sendo a “Info Praia” a preferida pela maioria.

Para os banhistas começou a haver deveres a cumprir, medidas também adoptadas pelos estudantes inquiridos: medidas de etiqueta respiratória com máscara, distanciamento físico com evitação das praias com ocupação elevada (amarelo) ou plena (vermelho), limpeza frequente das mãos, colocação do lixo nos sítios próprios e também o uso das vias de circulação de sentido implementadas. Os estudantes da UP foram mais longe e alguns evitaram também jogos de contacto físico e horas de grande afluência. Mais ainda, a legislação decretou que deveria existir uma distância de um metro e meio entre grupos, e de três metros entre guarda-sóis, toldos ou colmos. Entre os limites das barracas deveria existir a distância de um metro e meio e o número máximo de pessoas deveria ser de cinco. Cada pessoa ou grupo só podia alugar toldos, colmos ou barracas de praia até às 13h30 ou a partir das 14h.

E em relação às vendas ambulantes? (Talvez uma bola de Berlim?) Os vendedores viram-se também obrigados a implementar medidas extra com o uso obrigatório de máscara e viseira e o uso dos corredores de circulação. Viu-se também proibido o uso de gaivotas, escorregas e chuveiros interiores de corpo ou de pés. Na necessidade da utilização da casa de banho, era obrigatório o uso de calçado e uso de máscara ou viseira e obviamente, a lavagem das mãos. 

Muito se falou sobre o impacto da humanidade sobre o meio ambiente, e mais se falou sobre a consciencialização solidária que a pandemia poderia suscitar. No inquérito realizado aos estudantes da UP foi questionado se observaram alguma diferença na limpeza da praia e do mar, contudo a grande maioria dos participantes (80,4%) não sentiu qualquer diferença.

Apesar de todas estas medidas, muitas pessoas ainda não se sentiram totalmente seguras em ir à praia. Dentro dos inquiridos dos 24,8% que não experimentaram a areia debaixo dos pés, 32,8% não se sentiram efectivamente seguros para se expor. Como seres humanos com alta capacidade de adaptação às circunstâncias, a “nova” vida vai sendo alterada mas não vai deixando de ser vivida e todos estes esforços foram recompensados e durante o tempo de férias observou-se um número de novos casos de COVID-19 aproximadamente constante e não muito elevado. Agora, voltamos a moldar-nos para a próxima fase, com o voltar ao trabalho e às escolas.

 

Carla Luis

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