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Educação

Vice-reitor faz um balanço do impacto da pandemia na transição digital e pede mais apoio do Estado

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O facto de estarmos a viver uma pandemia e de termos passado de um modelo de ensino presencial para online impulsionou a transição digital que a Universidade do Porto tem vindo a promover ou comprometeu o sucesso desta iniciativa? 

Em alguns aspetos tem vindo a impulsionar e eu posso dar alguns exemplos. Em março fomos obrigados a fazer um processo acelerado de transição das aulas para um regime de ensino não presencial e tivemos de dar muito apoio no uso de tecnologias educativas, a docentes e alunos. O Moodle é uma ferramenta de apoio ao ensino onde os professores disponibilizam conteúdos e pode também fazer-se avaliação e isso fez com que a sua utilização mais que duplicasse. Por isso, houve necessidade de intervir nesses sistemas e melhorar o suporte de infraestrutura dos servidores e da sua configuração, de forma a suportar a sobrecarga a que esteve sujeito. Tivemos um pico de três mil exames simultâneos e o sistema conseguiu aguentar-se. Os docentes conseguiram fazer essa transição no espaço de uma semana. A Reitoria também fez um esforço e lançamos uma iniciativa para ver se havia estudantes com carências ao nível de materiais informáticos. Fizemos um pedido a entidades dentro da universidade e centros de investigação (aproveito para agradecer todas as contribuições que recebemos) e fizemos uma doação de equipamentos portáteis a quem precisava. Com isto conseguimos normalizar o mais possível o funcionamento das aulas [online].

Nesse sentido, o ensino à distância conseguiu garantir a qualidade da formação da UP?

Sim, era esse o objetivo. Também se fez a transição dos serviços. Foi necessário adquirir cerca de 80 computadores, pôr as VPN [Virtual Private Network] a funcionar nesses portáteis a partir de casa, de forma a que um conjunto de funcionários pudessem manter a sua atividade em teletrabalho. A universidade desenvolveu todo o processo de matrículas de forma a que pudesse ser feito online, tendo os serviços académicos de cada faculdade a dar apoio, através de uma plataforma de chat que incluímos no processo de matrícula. Isto teve bastante sucesso, na medida em que 70% dos estudantes colocados na Universidade do Porto (cerca de 4.700) conseguiram fazer as suas matrículas nas primeiras 24 horas, 80% passado 48 horas e no final dos cinco dias de matrículas, matricularam-se 94% dos estudantes, valor ligeiramente acima do habitual em anos anteriores. Outro processo que desmaterializamos para evitar aglomerados foi o pedido da declaração para obter o passe de transportes públicos Sub23. Juntamente com os Transportes Intermodais do Porto (TIP), desenvolvemos uma integração: o estudante faz o pedido do cartão no portal do TIP, autentica-se com a autenticação federada que usa para aceder ao Sigarra e levanta a declaração assinada digitalmente. Depois recebe a notificação para fazer o pagamento do passe. 

Em relação a essa iniciativa com os Transportes Intermodais do Porto, o processo não foi assim tão simples. Houve alguns alunos que não conseguiram renovar as suas assinaturas com os descontos que tinham por serem candidatos à bolsa de estudos. Como é que a Reitoria se posiciona sobre este assunto?

O que aconteceu foi que os estudantes começaram por fazer o pedido enquanto estudantes normais. Depois candidataram-se à bolsa e voltaram a querer fazer o pedido, porque tinham um desconto maior sendo bolseiros, mas o portal dos TIP não permitia fazer um segundo pedido. O que nós fizemos foi ter uma conversa com os TIP para que esse processo fosse facilitado. Entretanto, esse processo já está desbloqueado, de forma a que o controlo dos pedidos passe a ser do lado da universidade, isto é, nós é que fazemos a validação do pedido ou verificamos se houve alterações no estado do estudante. 

Então, no próximo mês os estudantes já vão conseguir renovar a sua assinatura como normalmente faziam?

Penso que neste momento isso já está a acontecer. Entretanto, a Universidade do Porto melhorou o processo, porque isto vai ser alargado a outras instituições.

Isto é uma iniciativa que se vai manter para os próximos anos ou só foi pensada para colmatar as dificuldades sanitárias atuais do país?

É para manter. O problema é que a lei exige que se envie uma declaração assinada digitalmente e não deveria ser necessário. Se porventura for possível alterar essa lei de forma a que este processo possa ser simplificado, isto ocorreria de uma forma quase automática, sem grande intervenção dos próprios serviços. Bastaria consultar o estado do estudante na base de dados para podermos responder e é isso que poderá vir a acontecer. 

Voltando um pouco atrás, quais vão ser as novas medidas aplicadas no ensino online neste ano letivo?

É difícil responder a essa questão, na medida em que as faculdades têm autonomia e podem ter diretrizes distintas a esse nível, embora exista uma orientação comum. De um modo geral procura-se ter uma componente presencial, sempre que possível, mas procurando cumprir as regras estipuladas para a questão da COVID-19. Dependendo das condições físicas do espaço poderá ser possível ter aulas presenciais ou apenas ter uma parte dos estudantes presencial e a outra parte à distância. Há uma série de estratégias que são adaptadas às circunstâncias dos cursos. Será sempre uma situação mista. Uma coisa que eu penso que será salvaguardada, até porque os estudantes fizeram notar isso, é a questão da avaliação, que será o mais presencial possível para termos a certeza de que quem está a responder ao exame é mesmo o estudante e nas condições adequadas. 

As universidades, de um modo geral, vão ter de alterar a forma como reorganizam e reestruturam os espaços. Vamos ter de ter espaços com diferentes condições, uns mais bem preparados para a transmissão de aulas à distância, que possam ter trabalho em grupo e isolado com apoio tecnológico. Isso vai (ou devia) requerer um investimento adequado por parte do governo para esse fim. O planeamento que está a haver ao nível do quadro comunitário era importante que contemplasse verbas para a renovação de infraestruturas nas universidades. Para darmos suporte à parte das aulas à distância também é muito importante ter uma boa qualidade de rede sem fios e física para fazer a transmissão da aula para o exterior ou para assistir a uma aula online no espaço físico da própria universidade.

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