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Ciência e Saúde

Máscaras: incomodativas, protetoras e no futuro “uma espécie de teste rápido”

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Cientistas da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) estão a desenvolver uma nova máscara facial que brilha ao entrar em contato com o novo coronavírus. 

Nos últimos seis anos, têm tentado incorporar DNA e RNA, que têm a propriedade de se ligar a um vírus, num tecido. Os sensores precisam de humidade, libertada durante a respiração, e ter a sequência genética do vírus na memória. Os componentes destas máscaras continuam ativos à temperatura ambiente por vários meses, conferindo-lhes validade para serem comercializadas.

Agora, estão a adaptar a tecnologia para a COVID-19, sendo que inicialmente foi pensada para ser usada com o vírus da Ébola ou com o vírus Zika. Os cientistas têm a meta de começar a produzir um produto comercialmente viável até ao final do ano. Jim Collins, líder do projeto, explicou ao Business Insider que a máscara agirá como uma espécie de teste rápido, que dá o resultado na hora, sem ser necessário mandar as amostras para um laboratório. Um diagnóstico rápido é essencial para evitar a propagação do vírus e, neste caso, é mais fiável que a medição da temperatura.

No entanto, o brilho não é visível a olho nu. É necessário um aparelho, o fluorímetro, para fazer o scan das máscaras. A população em geral não tem acesso, mas as autoridades públicas podem usá-lo, numa versão portátil e barata. Um fluorímetro portátil “custa cerca de um dólar”, segundo Collins.  

Por outro lado, o uso da máscara e o calor não combinam. Muitos portugueses já sentiram o desconforto e verificaram alterações cutâneas na face como acne, dermatite seborreica e eczemas de contacto. A verdade é que a reação à máscara depende muito de cada pessoa e de cada tipo de pele.

O médico Miguel Alpalhão, interno em dermatologia no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), está a participar num estudo sobre o impacto da utilização intensiva de máscaras, luvas, desinfetantes e outro equipamento de proteção individual (EPI). “O nosso objetivo é auxiliar todas as pessoas que estão na linha da frente e darmos o nosso contributo”, sublinha o médico em entrevista ao DN. Rejeita, porém, a possibilidade de extrapolar os dados conseguidos no estudo para aplicar à comunidade em geral.

Miguel Alpalhão acredita que estes equipamentos necessitam de um período de adaptação e que as dermatoses não devem ser uma justificação para a sua não utilização. E por isso, “devemos adaptar as nossas rotinas, de forma a podermos utilizar estes equipamentos, que são para a nossa proteção individual e dos que nos rodeiam, enquanto reduzimos o risco de desenvolver estas alterações cutâneas”.

Estas “modas” atuais continuarão a ser importantes ferramentas contra esta pandemia e contra novos vírus que possam surgir no futuro. Apesar das lesões a que poderão estar associadas, devemos manter o seu uso contornando estas adversidades com algumas dicas simples: usar as fitas de plástico para prender a máscara atrás da cabeça para aliviar a pressão nas orelhas; trocar com alguma frequência os equipamentos de proteção individual; ter cuidados de hidratação da pele; preferir produtos com poucos alérgenos; e evitar a utilização de máscara quando não está indicada, nomeadamente na habitação pessoal.

 

Artigo elaborado por Alexandra Simões.