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Desporto

A vida regressa aos ginásios

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Durante os últimos anos, a consciência da importância da prática de exercício físico tem aumentado, o que se repercutiu numa maior popularidade de ginásios, estúdios de dança e outros espaços próprios para o agitar dos corpos em grupo e, se assim se desejar, com a orientação de um especialista na matéria em questão.

Face à situação atual, que acarretou algumas mudanças súbitas e tantos outros desafios inesperados, as rotinas viram-se obrigadas a mudar. A COVID-19 chegou para desacelerar o batimento cardíaco e os ginásios sofreram as primeiras baixas.

No ginásio Gaia Sport Center, em Vila Nova de Gaia, tal como no resto do país, foram várias as medidas impostas e recomendadas pela Direção-Geral da Saúde a serem adotados pelo estabelecimento. Sílvia Romão, utente de 51 anos do ginásio, detalhou algumas das mudanças neste regresso. Destaca a obrigatoriedade do uso de máscara nas áreas comuns, bem como a desinfeção das mãos, com a disponibilização de vários frascos de desinfetante para o efeito. Na sala de musculação, surge a nota de que os atletas devem desinfetar, no final da sua utilização, os aparelhos de que se serviram, com recurso ao antisséptico e papel disponíveis em todo o espaço. Para além disso, “verifica-se a separação dos tapetes e dos pesos, os quais são higienizados pelos funcionários no final de cada treino”, recorda a utente.

Também nos balneários urgem alguns cuidados adicionais: os cacifos estão marcados e são devidamente desinfetados após a saída do sócio. Durante a prática do exercício físico, a máscara é retirada, pelo que se torna imprescindível respeitar a distância de segurança entre todos os que ali coabitam. Por sua vez, professores e funcionários utilizam sempre máscara e está definido um limite máximo de pessoas que podem frequentar, em simultâneo, o ginásio.

Como todos os espaços de serviço não essencial, durante o período de confinamento, este ginásio esteve encerrado, pelo que as mensalidades foram suspensas. No entanto, houve oportunidade para várias aulas online, que os sócios e outros seguidores da página de Facebook do estabelecimento puderam acompanhar. Atualmente, e como forma de garantir a preservação de todos os procedimentos de segurança, as aulas em grupo têm de ser marcadas previamente, enquanto espaços como a sauna e o banho turco permanecem indisponíveis.

Para professores e treinadores foi também necessário um esforço de adaptação às novas circunstâncias, como explica Miguel Guimarães, personal trainer de 30 anos que divide o seu trabalho em quatro espaços diferentes: três ginásios e um estúdio de treino personalizado.

Na fase inicial da quarentena, houve, pois, a necessidade de se criar alternativas para as aulas presenciais e os treinos personalizados, que passaram por sessões online em direto ou por videochamada. Para Miguel, esta adaptação foi lenta por se tratar de “uma realidade totalmente nova, visto dar muita importância ao feedback, correção, e ao toque como forma de percecionar melhor os movimentos/exercícios”. Contudo, estas opções de trabalho permitiram perpetuar a prática de atividade física por parte dos alunos e, ao mesmo tempo, aliviar o stress providenciado pelo confinamento forçado.

Com a reabertura dos ginásios, dá-nos conta de que, após umas primeiras semanas de pouca afluência, a “normalidade” veio a ser retomada de forma gradual e, por consequência, foi restabelecido o número de sócios ativos. Sobre o feedback dos alunos, o personal trainer destaca a preferência destes por treinos ao ar livre e pela utilização de zonas exteriores aos ginásios, pelo facto de se sentirem mais seguros. 

Já no que diz respeito às aulas de grupo, o número de participantes foi reduzido para menos de metade do que era praticado nos tempos pré-COVID, e as marcações passaram, na sua maioria, a serem efetuadas online.  Quanto à higienização dos espaços comuns, todos os materiais são limpos após cada utilização e as aulas são temporalmente espaçadas, o que permite a devida desinfeção dos locais usados. 

Em relação ao futuro, Miguel Guimarães explica que “de acordo com a experiência, em setembro vão retornar imensas pessoas aos ginásios, no período ‘pós férias’”, o que pode acarretar uma maior dificuldade na gestão das capacidades impostas pela DGS, algo que vai obrigar, por sua vez, a “uma maior ‘ginástica’ por parte dos ginásios”, de modo a ser possível diluírem-se os sócios pelas horas de menor afluência. 

A vida nos ginásios é agora uma realidade social bastante distinta daquela que se verificava antes do início da pandemia. A batalha contra um oponente invisível, que obrigou ao confinamento e ao afastamento, colocou em pausa a rotina.

Deste modo, a apatia provocada pelo SARS-CoV-2 conduziu a um aumento dos hábitos sedentários, e os ginásios passaram a ser sinónimo de um regresso suado e longínquo, só possível de atingir depois de uma guerra hercúlea. Portanto, urge nesta fase recuperar a prática regular de atividade física, com os cuidados a que as circunstâncias obrigam.

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