Crónica
O TEMPO NA FACULDADE
Tempo.
Gostava que o leitor passasse um minuto ou dois a pensar nesta palavra, neste conceito. Tem muito? Tem pouco? Anda sempre relaxado ou apressado? Apressado para quê?
No contexto académico a pressa é, como é evidente, para acabar o curso, acabar o mestrado, para começar a trabalhar para começar a vida de adulto propriamente dita. Sinceramente, nunca soube muito bem o que é a “a vida de adulto propriamente dita” e a pressa para lá chegar – especialmente porque parece aborrecida – mas, a verdade é que há uma pressão da sociedade para a atingir o mais depressa possível.
No entanto, a realidade de cada um é bem diferente do ideal. Fazer a licenciatura e o mestrado em cinco anos, logo após terem terminado o secundário não é para todos .
Eu tenho depressão, ansiedade crónica e síndrome de asperger. Este não é um artigo a explicar o que cada uma destes três diagnósticos são, mas sim, a explicar o impacto na minha vida. Para isso, há o Google ou a boa velha Enciclopédia. Não seja preguiçoso, caro leitor!
Fazem de mim uma pessoa desmotivada que, muitas vezes, não consegue ler o que os professores pedem, ou não consegue ir às aulas porque se sente tão nervosa sem nenhuma razão aparente. Afeta também a minha concentração, o humor, o meu geral bem-estar. Não escrevo isto para que o leitor tenha pena de mim! Nem quero isso de si! Eu tenho desafios, eu sei, apenas são diferentes dos demais. Não são mais. Com estas minhas condições, eu não consigo, nem nunca foi esperado que conseguisse fazer a licenciatura em três anos. E não faz mal.
Acho que a nossa sociedade meteu na cabeça da juventude que tem de fazer tudo direito e em muito pouco tempo. Temos de quase ser super-homens e mulheres-maravilha. SPOILER-ALERT!!! Não somos. Umas vezes somos bem-sucedidos, e outras não.
Porém, isso não quer dizer que somos uns falhados e que nunca vamos fazer algo bom na vida. Vamos! Claro que vamos!
Sim, a faculdade deve ser a propriedade na vida de cada estudante, mas, este também deve ter outros interesses para além dos estudos! Não nos devemos tornar numas máquinas que só sabem reter informação para depois a imprimir num exame. É importante explorar os interesses para além curso, o que nos move, o que nos fascina.
Por isso caro leitor, respire fundo, tenha calma. Todos temos limites, respeite os seus, mas não se deixe definir por eles.
P.S. No entanto, se o leitor for daqueles estudantes mandriões que fazem tudo exceto estudar, faltam às aulas, e depois, ai Jesus! Vamos ver se a Sílvia me dá os apontamentos dela de macro, ignore tudo isto que acabou de ler e deixe de ser preguiçoso! As aulas não mordem! No máximo dão sono.
Artigo de Carolina Lopes Rodrigues. Revisto por Adriana Peixoto.