Devaneios
POESIA
E se foram apenas desabafos
Dos quais alguém os lê
como quem encontra o diário de um desconhecido.
E se foram mais que confortos.
Se foram como beijos dados num papel
Que ajudam a sarar as feridas de quem os sente.
E se são, para mim, estados de outra consciência
Que restauram a paz interior,
E que servem num acaso de dia
De reles poesia de outrem.
Quem se conecta com aquela personagem
E lhe rouba o papel principal
para reviver de forma reconfortante
Aquela dor incessante
Serve de razão final
Aquele sangue escuro que mutilamos
E que alguém bebe como se fosse
O Santo Graal da nossa religião de pecadores.