Devaneios

AMIZADE + DESEJO ≠ AMOR

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Não. Não é assim tão simples. Se o Amor fosse uma fórmula matemática, não seria o grande mistério que divide o Homem e Deus. Quis acreditar que estavas certa para não escrever mais, porque ser Homem é querer estar certo. Ser Homem é não querer acreditar que a realidade corpórea foge à nossa consciência como uma serpente que persegue a sua própria cauda. Amar é quase conhecer, quase viver, quase saber a resposta. Amar é escrever este monte de frases soltas que tentam, e nunca passarão de uma tentativa, chegar perto desse arrepio que me percorre as costelas quando a vejo. E tu ama-lo. Essa força que colocas no teu fado, que te impele para o seu peito, essa respiração com toda a força, mesmo quando a gripe tenta impedir, é o eletromagnetismo que escapará sempre à ciência.

Tantos que andamos felizes e enganados pela falácia da segurança. A sociabilidade e o desejo seduzem-nos com a sua plataforma de salvação. De repente, todos amamos, porque temos que amar sem saber o que isso é. Porque, na verdade, são poucos os que amam e muitos os que não chegam a tentar. A necessidade humana da companhia e da cortesia faz com que todos juremos que amamos, quando o que fazemos é aceitar esse mal menor de nos fazermos acompanhar de um bom psicólogo e de uma boa foda, em vez de um Amor que sabemos irresolúvel e fatal.

Artigo de João Pedro Mendes. Revisto por Adriana Peixoto.

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