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Artigo de Opinião

LIBERDADE E LIMITES

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O desejo de ser livre é algo inato do ser humano. É um sentimento inexplicável poder expressarmo-nos e espalhar a nossa visão do mundo, construindo a nossa própria narrativa. No entanto, conquistar esta liberdade não é a tarefa mais fácil, porque embora seja algo que desejamos profundamente, é ao mesmo tempo considerado muito perigosa para certas pessoas. Lutamos tanto para conseguir este direito, que consideramos fundamental, e mesmo assim a luta ainda é diária para muita gente que não consegue têm liberdade, nomeadamente de expressão, em países cujo líderes extremistas receiam demasiado que o seu povo a obtenha.

Existem tantas discussões porque pessoa “A” tem uma opinião controversa e pessoa “B” contra-argumenta que o que “A” disse está errado e que por isso se devia manter em silêncio. A discussão continua e “A”  utiliza o argumento da liberdade de expressão e depois questiona-se até que ponto é que podemos utilizar esta liberdade. Podemos realmente silenciar alguém que emite estas opiniões controversas, ou devemos deixar andar porque têm essa liberdade?

Temos por um lado quem diga que a liberdade de expressão não tem limites, ou seja, podemos expressar-nos à vontade e quem não gostar de nos ouvir não tem outro remédio a não ser argumentar contra ou fazer de conta que não ouviu. Por outro lado existe também aqueles que defendem que a liberdade tem sim limites e que não deve de forma alguma afetar ou ameaçar outros indivíduos, pois isso já não é liberdade, mas sim uma ofensa e tal não pode ser de qualquer forma permitido numa sociedade. Então como é feita esta linha de divisão entre a liberdade de nos expressarmos e a ofensa? Honestamente, não sei, e por vezes fico sem saber se o direito de nos expressarmos existe quando temos opiniões que vão de encontro àquilo que é aceite universalmente ou se, de facto, nos é permitido ter opiniões e crenças que são contrárias à maioria.

Consigo perceber porque nos encontramos divididos sobre o que realmente é este direito de nos expressarmos à vontade. Nestes tempos democráticos, a liberdade é uma das coisas que mais ansiamos e qualquer coisa que a ponha em ameaça não é permitida, mas ao mesmo tempo tentamos colocar barreiras ao classificar palavras como “perigosas” e “incendiárias” ou capazes de ter o poder de incitação, isto é, palavras que podem ser capazes de levar quem esteja a ouvir o nosso discurso a agir conforme o que defendemos.

Sendo defensora do nosso direito de expressão, entro em conflito comigo mesma quando me encontro a ler textos sobre este assunto e dizem que os racistas têm todo o direito de serem racistas, homofóbicos têm o direito de serem homofóbicos, entre outros. Por mais que tente, não consigo formular a ideia de que pessoas assim têm o direito de o serem e que a nós apenas cabe argumentar contra eles e apresentar o nosso ponto de discórdia de forma a que haja um debate. Eu encontro-me num estado conflituoso nessas situações pois nunca me dá vontade de argumentar de forma educada com alguém que seja racista ou homofóbico, embora reconheça que é o que precisamos para evoluir como sociedade. A argumentação e o debate são essenciais e por mais que nos custe não podemos deixar que certas pessoas digam o que querem, mas que depois não estejam dispostas a ouvir o porquê de acharmos errado o que estão a dizer.

Arranjarmos forma de debater de forma civilizada e racional cria também um ótimo exemplo para aqueles nos sucedem. Podemos combater aquelas discussões que evoluem quase de imediato para insultos e violência e, nos tempos de hoje, é essencial que tentemos argumentar ao máximo com estas pessoas, e mostrar-lhes o porquê da sua visão não ser a ideal. Custa cumprir isto, mas quando leio textos que vão ao encontro desta ideia, acabo por concordar que este é o caminho que devemos tomar, mas digo novamente que este é um sentimento muito conflituoso.

A liberdade é algo muito bom, mas vem também com uma grande responsabilidade e temos de saber o que queremos e devemos fazer com este direito. É temida por muitos. pois a habilidade de nos expressarmos é inspiradora, e quem deseja controlar as massas tem receio. A democracia inclui o direito de pensarmos por nós próprios e se ir contra aquilo que achamos errado e bárbaro. A expressão livre dá-nos um propósito e cria determinação em certas coisas. É graças à liberdade que somos capazes de espalhar as nossas crenças e demonstrar como queremos melhorar este mundo.

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