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Crónica

BILLIE EILISH: GÉNIO EM BRUTO OU PURA MANUFATURAÇÃO?

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Nestes dias, é difícil encontrar um nome na música mais badalado do que Billie Eilish. Com apenas 17 anos e um disco de originais lançado em março, as opiniões tendem a extremar-se sobre a sua música: se por um lado há quem, como Dave Grohl, encare Billie como uma lufada de ar fresco e até a compare aos Nirvana, também não faltam naysayers, que a acusam de apenas ter sucesso devido aos contactos da sua família e criticam a sua imagem calculada para apelar às hordas pseudo-angustiadas do Tumblr.

É verdade que Billie tem mérito próprio no seu sucesso astronómico. É também verdade que a ajuda do seu irmão FINNEAS na composição e produção e que ser de uma família com ligações à indústria do entretenimento não desavaloriza o seu talento, da mesma forma que não a impede de fazer música com mensagens comuns com as quais todos se podem identificar. Seja pela assumida incompreensão da necessidade do consumo de drogas em “xanny” (uma perspetiva geralmente pouco popular na indústria da música, diga-se de passagem), no ego ferido pela rejeição amorosa evidente em “wish you were gay” ou até na atitude atrevida de serial dad seducer no sucesso “bad guy”, as letras de Billie conseguem transmitir na perfeição o período de catarse e rebeldia que é a adolescência.

Dito isto, é óbvio que toda esta excessiva e aparentemente injustificada exposição mediática traz à baila o problema do nepotismo na música, principalmente tendo em conta, que com a sua tenra idade e ainda pequeno repertório, Billie já assinou um contrato com a mesma editora de nomes como Lady Gaga, Eminem, Katy Perry ou Madonna. O facto é que, como diz a sabedoria popular, filho de peixe sabe nadar, e não é nada de extraordinário ver jovens a seguir as pegadas profissionais da família, algo que definitivamente não é exclusivo a Billie Eilish no mundo do entretenimento. Na música em particular, há muito a ideia de que se um artista não veio do nada e sacrificou tudo pela sua arte até ao dia em que, por mero acaso, um agente encontra o seu perfil com 26 seguidores no Spotify, então não é um artista a sério. Mas uma coisa é certa: as posições exageradas tomadas sobre a música de Billie já dizem volumes sobre a sua agitação no mundo pop.

E qual é a minha posição sobre isto? O que posso dizer é que Billie Eilish é uma artista que me intriga e com potencial. Aprecio a forma de cantar subtil e num quase-sussurro, as produções  coloridas e as letras peculiares. Mas a verdade é que não há falta de ídolos adolescentes com estilos arrojados e ares alternativos prontos a roubar-lhe o holofote. No final de contas, a questão que vai determinar se esta popularidade é duradoura ou passageira será a mesma de sempre: o rumo que Billie escolhe dar à sua música. E como eu não sou de futurologias, acredito que só o tempo pode mostrar a resposta a esta pergunta. Limitar-me-ei a acompanhar atentamente.