Artigo de Opinião

UP THE VIRUS?

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Não querendo gerar pânico e alarmismos desnecessários, considero que se deve debater – aliás como já tem acontecido tanto nas redes sociais quanto presencialmente – a atitude que a Universidade do Porto teve relativamente às medidas de prevenção do alastro do Coronavírus.

Foram diversos os comunicados remetidos pela direção da Faculdade de Letras de forma a informar os estudantes, os docentes e a restante comunidade académica, sobre o plano de contingência da Universidade do Porto, no geral, e da faculdade, em específico.

No decorrer dos últimos dias foi recomendado que os estudantes de Felgueiras e de Lousada não se dirigissem às instalações e que faltassem às aulas sem pena de sofrerem penalizações na avaliação.

Porém, no passado dia 10 de março, a Universidade do Porto emitiu comunicados contrariando os anteriores. Quando antes se referiu que eventos com capacidade igual ou superior a cinquenta pessoas estavam suspensos – dando a imagem de que as aulas também iriam ser adiadas – enfatizou-se no dia seguinte (pasme-se, em letras garrafais) que a atividade letiva se mantém e que os estudantes que foram aconselhados a permanecer em casa não o fizessem, afinal.

Estas informações contrárias geraram polémica entre a comunidade académica e, promovendo uma imagem de leviandade sobre a situação, foi motivo de revolta por parte de alguns estudantes e professores que, na vez de permanecerem calmos, ponderaram manifestações e boicote às aulas.

Numa situação destas – e tendo em conta que uma escola é um foco potencial de propagação de doenças – penso que a melhor atitude a ter é – e foi-o – a de “é melhor prevenir do que remediar”.

Justifico esta posição reiterando que a responsabilidade na contenção deste vírus não é meramente individual – embora também o seja, evidentemente –, mas coletiva. Atendendo a que as próprias recomendações de higienização regular das mãos, evitar o contacto físico e próximo com outras pessoas, adoção de hábitos de etiqueta ‘sanitária’, &c., não são levados em consideração pela maioria, e os conselhos de isolamento social – em casos de sintomatologia ou frequência de zonas afetadas – não são tomados voluntariamente, o mais sensato é fechar a instituição, recorrendo-se alternativamente a plataformas várias para a disponibilização de conteúdos e esclarecimento de dúvidas, assim como para o retomar das aulas. Quem não o puder fazer – no caso de docentes que não sabem recorrer a essas ferramentas – repõem-se as aulas em momento oportuno. A redução do horário letivo em regime presencial e o aumento do virtual proporcionam uma maior facilidade na reposição destas últimas.

Considero que os avisos que a Universidade transmitiu – dizendo ora uma, ora outra coisa – contribuíram, acima de qualquer outro motivo, para o alarme e a incompreensão por parte da academia, sendo que havia quem não se sentisse seguro com as recomendações da reitoria.

Uma universidade, antes de ter responsabilidade científica e económica, tem importância na coesão social e na proteção dos recursos humanos que alberga. Se cada um de nós é dono e senhor dos seus atos e deve ter em consideração que o bem-estar dos outros não toca somente aos outros, então a UP deve ter consciência de que é dona e senhora do bem-estar de famílias inteiras e de todo o país.

E não há maior segurança do que a de nos sentirmos seguros.

O fecho provisório das instalações da UP é, portanto, na minha opinião, um ato de confiança coletiva.

Clara Maria Silva.

[O presente texto foi escrito na madrugada de 11 de Março, pelo que foi adaptado após o comunicado relativo à suspensão das aulas e das atividades de toda a Universidade do Porto]

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