Crónica

Nova Realidade

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No início deste mês fomos verdadeiramente assolados com uma notícia que veio mudar tudo o que estávamos habituados até agora. O perigoso COVID-19 já espalhado por vários países finalmente chegou a Portugal. Rapidamente vimos medidas a serem tomadas pelo governo de fecharem as escolas, estabelecimentos como restaurantes e cafés, fechar lojas no centro comercial, restringir o tempo de passeio das pessoas na rua, etc. O país entrava em “lockdown” e de repente vimo-nos a declarar estado de emergência, por causa de uma doença que parece espalhar-se à velocidade do vento. Apesar de sabermos de antemão que o vírus originado da China era bastante perigoso e que se espalhava com muita facilidade, ninguém estava verdadeiramente preparado para o que realmente aí vinha.

Ainda deu para celebrarmos o Carnaval e alguns eventos que se realizaram nos primeiros meses do ano. Quando entramos em 2020, só pensávamos em como este ano ia ser mais outro em que íamos trabalhar para realizar os nossos objetivos. Alguns de nós iam mudar completamente de vida, outros de nós iam celebrar o fim da vida académica, outros se calhar iam começar empregos novos, enfim, uma variedade de coisas poderiam acontecer este ano e agora está tudo em pausa devido a este vírus.

Ver a nossa vida parar desta forma é algo difícil de descrever. É como se a vida se virasse para nós e nos estivesse a dizer: “estás a ver como sou frágil e como mudo de um dia para o outro? Estás a ver como é fácil um dia teres tudo e no outro não teres nada?”. Sim, todos nós sabemos como a vida é frágil e efémera, mas também sabemos que devemos aproveitar o máximo que podemos e sem nos preocuparmos com o dia de amanhã. Mas como um dia vi alguém muito sábio na Internet a dizer: “o pior de se viver como se não houvesse amanhã, é que justamente há esse amanhã”. Uma frase originalmente cómica, agora assume uma conotação um pouco mais dramática. A verdade é que nunca sabemos o que o amanhã nos espera e hoje estamos bem e a festejar, mas amanhã já estamos presos em casa sem poder fazer nada daquilo que fazíamos.

Estar em casa dá que pensar. A liberdade que tínhamos e que de certa forma tomávamos por garantida está a ser-nos retirada por este inimigo invisível. Não se passou muito tempo desde que fecharam tudo e nos aconselharam a não sair, mas começo a pensar naqueles dias em que podia ir livremente a um café, ir passear com amigos ou sentar-me na esplanada com o computador à frente e começar a fazer os trabalhos de faculdade. É engraçado, ainda há pouco tempo estava a pensar sobre o que era ser finalista e o que seria passar por aquilo que outros finalistas passaram, ainda sem ter qualquer ideia de que isto poderia acontecer. Estava a ponderar como seria o cortejo final, a última serenata e como seria também cartolar. Infelizmente também não será este ano que o irei saber, assim como milhares de estudantes como eu, pois todas estas atividades foram canceladas. É para o bem de todos bem o sei, mas ainda se torna difícil de assimilar.

Todos os dias vejo casos a aumentar, vejo cada vez mais vítimas da doença, mas a esperança de que isto poderá acabar rapidamente ainda não me sai da cabeça. Embora nos custe e nos queixemos, é fundamental que fiquemos em casa para impedir que isto se prolongue ainda mais, temos de deixar de pensar só em nós. Temos de pensar nas outras pessoas e também nos profissionais de saúde que estão todos os dias a trabalhar para que toda a gente melhore e que estão em constante perigo para nos salvar. Este ficar em casa é muito mais que isto, é para o bem da humanidade. Se queremos a nossa vida de volta o mais rápido possível, por mais que nos prejudique e atrase na vida, temos mesmo de nos comprometer a cumprir estas regras ao máximo.

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