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Crónica

A PANDEMIA DO SÉCULO XXI EM PORTUGAL

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Cerca de um mês após o registo do primeiro caso do novo coronavírus em Portugal, o país conta já com mais de 5000 casos confirmados e mais de uma centena de vítimas mortais. Na luta contra uma doença implacável e nunca enfrentada, os profissionais de saúde, as autoridades, o governo e o resto da sociedade portuguesa deparam-se com uma realidade exigente e desafiante que vai testar todos os seus limites.

Devido à velocidade alucinante com que contamina a população e ao seu comportamento alarmante no organismo do ser humano, a COVID-19 estabelece uma verdadeira ameaça para a população mundial, o que gera preocupação, medo e pânico. Disfarçando-se como uma gripe comum, a COVID-19 ataca o sistema respiratório do ser humano e, visto que este vírus é relativamente recente e ainda não foi descoberta uma vacina, ninguém está livre de ser contaminado. As pessoas cujos organismos estão mais débeis devido à idade avançada e ao abrigo de outras patologias ficam ainda mais vulneráveis perante o vírus e, por isso, devem ser mais resguardadas e vigiadas durante este período. De mais a mais, a enorme facilidade que possuímos de viajar para todos os cantos do mundo possibilitou a rapidez estonteante com a que este vírus se propagou. Nunca poderíamos imaginar que algo propositadamente criado para nos facilitar a vida fosse vir a ser usado para prejudicá-la e é complicado abdicar dessa liberdade.

Por esta altura já é possível antever os impactos que esta situação terá no nosso futuro. A nível económico, o turismo será claramente uma das áreas mais afetadas, visto que o fecho das fronteiras impossibilita a visita da sua principal fonte de lucro, bem como as pequenas empresas, que deixam de ter rendimentos para pagar as despesas e os ordenados dos trabalhadores. Já a nível demográfico, centenas de pessoas irão sucumbir a este novo coronavírus. Além disso, dado que uma pessoa infetada com a COVID-19 contamina, em média, 2,5 pessoas, a infeção em lares e locais sobrelotados, tais como as penitenciarias, é um tema que merece o dobro da atenção por parte das autoridades; caso contrário, o número de vítimas mortais aumentará exponencialmente.

Contudo, por detrás desta enorme nuvem negra é possível observar alguns raios de sol. Dado que os meios de transporte circulam durante significativamente menos tempo, já é possível observar uma redução do nível de poluição sonora e atmosférica. Ademais, muitas pessoas estão agora a trabalhar e estudar a partir de casa, poupando tempo em deslocações que podem posteriormente aplicar na realização de outras tarefas ou atividades lúdicas. Além disso, acredito que esta época vai ser uma ajuda na arte da socialização e inspirará muitas pessoas a desenvolver a sua criatividade e engenho.

Apesar de toda esta situação, o governo português parece estar a lidar com este panorama de forma delicada e civilizada, pondo de parte as suas diferenças e unindo-se no combate a este inimigo invisível. Desde cedo que tomou providências ao fechar as fronteiras e ao declarar estado de emergência com antecedência para evitar a realidade calamitosa que testemunhamos noutros países igualmente afetados por este vírus. É verdade que faltam ainda alguns cuidados, disponibilidade de serviços e materiais, mas temos de abordar esta situação o mais logicamente possível. Tal como os demais países, Portugal não conseguiu prever uma pandemia deste nível. Deste modo, é previsível que haja escassez de recursos, mas isso não significa que o governo português não tenha já demonstrado promessas e garantias de que todos terão o devido apoio, quer a nível de saúde, quer a nível económico, durante esta tragédia. Esperemos que assim o seja.

Há cerca de duas semanas, o governo português decretou o estado de emergência com o objetivo de impedir a propagação da doença ao máximo, sendo que a sua prevenção total é praticamente impossível devido aos conhecidos casos de pessoas assintomáticas perante o coronavírus. No entanto, este será infrutuoso se as pessoas não o respeitarem. Apesar da maioria da população reconhecer a sua importância e demonstrar respeito por aqueles que diariamente arriscam as suas vidas no combate a este novo vírus e dedicam o seu tempo a procurar respostas, muitos ainda subvalorizam a gravidade desta situação e não seguem as medidas preventivas decretadas pelas autoridades que servem apenas para proteger os habitantes do nosso país.

Para finalizar, eu acredito que para muitos esta realidade seja assustadora e desconcertante, mas a melhor arma que podemos usar ao enfrentar este novo coronavírus é o desprezo. A melhor forma de ultrapassarmos esta fase é ficar em casa, aproveitar este tempo para estar junto dos nossos entes queridos e acatar os conselhos nos dão diariamente para que possamos retomar à normalidade das nossas vidas junto daqueles que ajudamos a proteger e vice-versa.