Devaneios

“Respiramos”

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Respiramos.

Todos.

Cada um de nós.

Repetimos sem falha esta operação tão natural.

Porém tão especifica.

Tão comunitária.

Partilhamos todos o mesmo ar.

Sem preço adjacente ou taxas agregadas.

Inspiramos e expiramos moléculas.

Todos.

Cada um de nós.

Se continua a ser puro quando entra no sistema.

Isso já não sabemos.

Apenas repetimos.

Naturalmente.

Especificamente sem falhas.

Alguns começam e terminam ao mesmo tempo.

Uns sustêm.

Mas logo voltam ao ciclo.

Repetitivo e naturalíssimo.

É uma desordem perfeita.

Em cônjuge com seres imperfeitos.

Insufláveis e vaporosos.

Que arrefecem conforme a disposição dos elementos.

Poluídos por outrem.

E acicatados com a nossa “simplicidade”.

Que tentação de não respirar.

Tentar largar os pontos.

E terminar em modo aberto.

É difícil.

Sou natural.

E simplista.

E respiro.

Como todos.

Para todos.

Em função de todos.

Que tome outro a minha vez.

Estou bem assim.

Na minha humanidade

No nosso.

Perdão.

Talvez em breve.

Seja mais exclusivo.

Mas isso não é assunto para agora.

Vim respirar com vocês.

Todos.

Em uníssono.

Na tentativa da tentação.

Arejamos.

Cada um o vai fazendo.

Ao seu ritmo.

Sem pressões.

Não temos metas.

Temos concursos.

Festivais.

Mas metas não.

Não somos desses.

Somos humanitários.

Dignitários.

Originários

Do

Ar

Esqueci-me do ponto

Perdi o passo

Tomaram a minha vez

O que me resta?

Olha uma interrogação, umas vírgulas…

E talvez até umas reticências para aprimorar a questão

E no entretanto não parei de respirar,

Continuo

Afinal posso largar algum ar

Ao outro

Para o outro

Humanitário como eu

Que só vê esquemas e finais,

Por isso esquece,

Ignora,

Faz de conta que não existem!

Outras formas de diálogo refiro

E atos complementares

Para lá de todo o ar que não cessa de respirar;

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