O Caos da Desinformação

A realidade dos últimos meses tem sido um caos assustador de desinformação. A noção do que é real e do que é pura manipulação de massas tem-se tornado cada vez mais ténue e, a meu ver, inexistente.

Poderemos aqui mencionar desde saúde a direitos humanos, de COVID-19 a racismo, tudo tem sido mote para as mais variadas manobras políticas e comerciais. Independentemente do continente, de um lado ao outro do globo, têm vencido os interesses dos mais determinados fins, só não tem vencido o interesse humanitário que nos deveria caraterizar enquanto seres humanos que vivem em sociedade.

Gostaria de alertar para a continuação exacerbada de uma triste, mas imensa quantidade de desinformação que, diariamente, se dissemina a uma velocidade incrivelmente arrepiante, protagonizada pelas tão afamadas redes sociais.

No entanto, uma rede social não funciona sozinha, por detrás de ecrãs e perfis escondem-se pessoas, pessoas essas que, quero eu acreditar, devido à sua ignorância continuam a partilhar, comentar e a gerar o pânico naqueles que, por algum motivo, não desenvolveram a sua própria literacia informacional. Hoje, mais do que saber utilizar o equipamento, deveríamos ensinar a população a procurar, recuperar, filtrar, avaliar e reutilizar a informação que chega até ela. Com o avanço tecnológico de que temos sido alvo, aliado à explosão informacional vivida, é urgente a aposta na literacia informacional da população. Esta questão não é apenas um mero apontamento de tecnologia ou de informação vs desinformação, é uma questão de saúde mental e de convivência em sociedade numa designada Era Digital.

Por isso, deixemos de culpar as redes sociais, culpemos a má utilização destas e a falta de literacia informacional de quem as utiliza.

Importa ainda referir que nem sempre a disseminação de desinformação se trata de literacia informacional, infelizmente, muitas vezes trata-se de uma técnica para a manipulação de massas. De uma forma perturbadora, a manipulação de massas está muito presente online, desde perfis falsos à partilha de desinformação com o propósito de começar a criar movimentos que, rapidamente, deixam de ser uma brincadeira online para passar a uma realidade não tão engraçada como poderia parecer.

Em suma, ameaças aos direitos humanos e à democracia num comentário no Facebook deve ser tido em conta, para tentarmos perceber quem está por detrás, quem se esconde e quem tenta manipular, através de palavras que sabe que chegam à população, “comentários de café” que com o contexto propício podem ser o gatilho necessário para uma pessoa tirar a vida a outra. Talvez soe um quanto exagerado, no entanto, a mente humana tem coisas fabulosas e um tanto assustadoras.

Assim, caros leitores, fica aqui o meu apelo e um alerta: perante as redes sociais e todo um mundo virtual, sejamos críticos e rigorosos, tentemos perceber para lá do que ali está, as entrelinhas. Talvez nos assuste e admito que a facilidade de partilhar ou ler qualquer coisa sem perceber se é informação ou desinformação é aliciante, mas garanto que as consequências poderão ser devastadoras.

Não nos podemos esquecer que no mundo não existimos apenas nós.