Artigo de Opinião

#BlackLivesMatter

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Não é surpresa nenhuma que a brutalidade policial na América é uma coisa bastante frequente. Este é um país que é marcado constantemente pelo seu passado extremamente racista e pela incansável luta pelos direitos humanos e pela igualdade do povo, que infelizmente está muito longe de ser terminada. A crise do novo coronavírus e o facto de o mundo todo ter estado em quarentena, infelizmente não impediu o que se veio a tornar num dos casos mais famosos do mundo: o assassinato sem piedade de George Floyd por parte de um conjunto de agentes da polícia. 

Qual é a história de George Floyd? É ser apenas mais um homem negro na América. Qual é o crime que este homem cometeu? O de ser mais um homem negro na América. O dever da polícia e um do juramentos que fazem é a de proteger o povo e garantir que toda a gente se sente segura. Estranhamente essa regra termina quando se vê alguém que não seja caucasiano. Como é que alguém negro é suposto sentir-se seguro perante este cenário de hostilidade?

A conversa sobre o racismo é desconfortável para muita gente. Várias influencers e famosos escolhem não se pronunciar sobre este assunto por isso mesmo. Mas como é possível estarmos calados quando as pessoas perdem vidas devido a isto? Até que ponto é que vai o desconforto alheio para se querer apagar a memória perante estes acontecimentos e continuar a partilhar e a promover produtos de beleza, como se nada se passasse? Com isto, não quero dizer que o uso da plataforma de alguém com vários seguidores seja só para estas causas, mas não concordo que o desconforto os faça virar costas a estas situações. 

Embora seja desconfortável, estar passivo a isto acontecer é estarmos do lado do opressor. Estar em silêncio é permitir que isto esteja permanentemente a repetir-se. Apesar de este caso ter acontecido nos Estados Unidos, nada impede que aconteça também em qualquer lado do mundo. Por exemplo na França, protestava-se pela justiça de um jovem negro que também foi assassinado às mãos da polícia, Adama Traoré. 

Depois da morte de George Floyd, as pessoas saíram à rua para protestar. O cansaço de casos destes estarem sistematicamente a acontecer, falou mais alto e chegou a hora de agir. Apesar de a ameaça da Covid-19 estar ainda à porta, o sentimento de querer justiça e a necessidade de protestar contra este ato brutal foi enorme. Este caso repercutiu pelo mundo todo e rapidamente vários países saíram às ruas para protestar. Mas enganam-se se pensam que esta onda de protestos foi apenas por causa deste caso. Infelizmente, isto resultou do acumular de várias situações semelhantes que passaram em branco tanto pelos media como pela justiça. Não foram só os protestos que também se espalharam, a assinatura de petições por milhões de pessoas, por exemplo, causou impacto e os polícias envolvidos no caso de Floyd foram detidos. 

Apesar de não ser sempre de forma pacifica, protestar é importante e chama a atenção para várias situações. É importante não esquecermos o nome das vítimas e de não termos medo de lutar por aquilo que é o correto. Isto vai desde partilhar algo no Instagram, a assinar petições, a doar dinheiro para as famílias, etc. Quem diz lutar pelas vidas negras, também diz que se lute por todas as outras vidas existentes. Lá por se falar nas vidas negras não significa que as outras vidas não importam e por isso mesmo o movimento #AllLivesMatter é extremamente despropositado para o assunto em questão. 

Enquanto povo, nós não podemos deixar de lutar. Isto é um sistema complicado, mas certamente que não é impossível que algum dia mude. Isto é tanto para o George Floyd como é para o Michael Brown, como é para Trayvon Martin, como é para a Sandra Bland, como é para a Breonna Taylor, entre muitas outras pessoas. A luta não é só de alguns para alguns, é uma luta de toda a humanidade para a proteção de todos nós. 

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