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Crónica

Às Gerações

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Bem-vindos às gerações daqueles que temem pelo futuro, que estão a ser colocados à prova perante uma crise sanitária seguida de uma económica. O amanhã é incerto e a dúvida é persistente, começamos a colocar em causa o facto de passarmos 3 ou 4 anos a estudar, perceber do que servirá quando chegar a hora da verdade: a entrada no mercado de trabalho.

Começa-se por questionar onde vamos parar, seguido da sensação de inúmeros muros que começam a levantar-se entre nós e as nossas ambições profissionais, tudo a uma velocidade estonteante. Em meio ano o mundo foi virado do avesso e por muito que pareça que está a compor-se, não está.

Hoje, vamos ter de ser audazes, empreendedores e persistentes. Teremos de lutar contra um primeiro emprego que pede anos de experiência, taxas de desemprego a subir e vozes altamente motivadoras que nos sussurram ao ouvido “da forma como as coisas estão, dificilmente arranjarás emprego”, mas com calma, nem tudo será mau, talvez tenhamos a sorte de não nos sugerirem que emigremos.

Enfrentando a triste realidade do medo e da insegurança, de um tombo na economia e de uma sociedade fortemente abalada, todos os anos entram no mercado de trabalho jovens, prontos a iniciar uma nova caminhada, motivados para dar o seu contributo positivo, a fervilhar de ideias e com voz. Seria benéfico (para todos) dar-lhes espaço para demonstrarem o seu valor, crescerem e evoluírem.

Com plena consciência que é sempre um tanto maçador ensinar a realidade a “miúdos”, é chato ter de lhes explicar que a teoria que aprendemos na faculdade nem sempre se aplica na prática, então quando chegam convencidos que sabem tudo e mais alguma coisa porque estudaram, eu compreendo. Mas não se esqueçam que somos jovens, ainda achamos que tudo é novidade e que o mundo pode ser aquilo que nós queremos que seja, ainda estamos cheios de sonhos e com tudo para fazer, o mundo ainda nos parece uma montanha russa. Talvez já se tenham esquecido de quando começaram, quando só queriam uma oportunidade e todas as portas se fechavam.

Se tivesse de sumariar as expressões que mais ouvi estes últimos meses, no top 3 estaria sem dúvida a “juntos somos mais fortes”, pois é precisamente isso que temos de começar a colocar em prática. Claramente que não me refiro apenas a dar oportunidades e apostar na geração que se vê confrontada com um futuro incerto, mas hoje a ênfase da mensagem era precisamente essa.

Temos muito a ganhar uns com os outros, a partilha e a oportunidade deve ser a chave dos nossos dias. Enquanto jovem que dentro de algum tempo irá entrar no mercado de trabalho, tenho esperança numa sociedade que ainda não está perdida, que por muito difícil que seja não se torne impossível e, como eu, existem muitos jovens de cabeça erguida e motivados a dar o seu melhor contributo em prol de um país que quer e tem, urgentemente, de avançar. E aos meus colegas, que já iniciaram o seu percurso e todos os dias se debatem com precariedade e falta de oportunidade, coragem de seguir em frente e demonstrar que não somos gerações perdidas, somos o futuro.