Artigo de Opinião
A superioridade subentendida nas ações do PCP
No passado dia 21 de novembro, o primeiro-ministro comunicou ao país as medidas que concretizam o estado de emergência, entre as quais estava incluído o recolher obrigatório, entre as 13 horas da tarde e as 5 horas da manhã dos 28 e 29 de novembro nos 121 concelhos de maior risco de contágio.
Em princípio, estas regras entrariam em conflito com a data da realização do Congresso do PCP – entre 27 e 29 de novembro – e, como tal, impediriam a concretização do evento. No entanto, o líder do partido político em questão decidiu que essas medidas não deveriam impedir a reunião, considerando-as “desproporcionais, incongruentes e desadequadas”.
Nos dias que correm, pedir a milhões de cidadãos que cumpram simples regras que assegurem a sua proteção e a dos demais tornou-se quase tão difícil como pedir a uma criança para não fazer asneiras. Como tal, não é de admirar que as medidas de restrição sejam cada vez mais rigorosas, dado que só deste modo é que o ser humano obedece – e, mesmo assim, muitas pessoas acreditam que as regras não se aplicam a si, desvalorizando completamente o impacto negativo que as suas decisões têm na vida dos outros cidadãos.
Em qualquer outra circunstância, o partido conseguiria perfeitamente criar as condições para que o evento ocorresse em segurança. No entanto, durante um período mais crítico da pandemia, em que os ajuntamentos são desaconselhados, o partido acredita que é apropriado realizar um congresso que reúne cerca de 600 pessoas durante 3 dias. Ainda que consiga reconhecer a importância da realização de determinados eventos para a reavivar a nossa economia, tais como o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 e a Final da Champions League, este não se insere nesse grupo. Nunca é demais lembrar que este congresso não é o primeiro evento que o PCP realiza num momento crítico da pandemia. A celebração da Festa do Avante também foi desaconselhada e isso não impediu a sua concretização, independentemente das advertências que foram feitas.
Ao contrário dos membros e apoiantes do PCP, qualquer cidadão minimamente consciente compreende que cumprir estas regras é apenas uma demonstração de responsabilidade e do dever individual de cada um de contribuir para ajudar a travar a transmissão deste vírus. Nunca foi uma questão de abdicação das liberdades, direitos ou garantias que adquirimos, muito menos de uma estratégia dos partidos de direita para controlar a liberdade dos portugueses – a igualdade na aplicação destas medidas demonstram-no -, mas o PCP insiste em divulgar uma teoria de conspiração.
Deste modo, o PCP prova que age e decide por puro interesse e nunca com o bem-estar dos portugueses em mente. Se estivessem preocupados com a saúde do povo português, compreendiam que têm a obrigação e a responsabilidade de dar o exemplo e apelar aos seus apoiantes para seguirem as orientações e conselhos do Governo e da DGS, principalmente pelo facto da maioria do seu eleitorado pertence à faixa etária mais afetada pela COVID-19. A escolha da rejeição das regras da DGS é ainda mais grave vindo de um partido que sempre defendeu o reforço do SNS e que demonstra deste modo uma enorme falta de respeito pelos sacrifícios e sofrimento do povo português, bem como pelas vidas perdidas nesta batalha.
A verdade é que só vamos conseguir eliminar esta ameaça se todos cumprirmos o nosso dever enquanto cidadãos responsáveis e altruístas, e eu acredito firmemente que todas as medidas aplicadas pelo governo no combate a esta pandemia, incluindo estas restrições de circulação e ajuntamentos temporários, são apenas um pequeno preço a pagar pela garantia da nossa segurança, saúde e bem-estar no futuro.