Devaneios
Um cano e um bebé
Já passava da uma da manhã, quando ainda passeavam juntos alegremente pela cidade pouco iluminada. De mão dada, o casal de namorados adolescente aligeirava o seu passo em direção a um lugar recôndito.
Chegado a esse local que se situava atrás de um edifício de dois andares, depararam-se com um cano da água em forma de “V”, preso à parede das traseiras do prédio. Mesmo com a pouca luz artificial dos lampiões, conseguiam vislumbrar esse tal objeto bastante peculiar e que o próprio autor deste texto vê-se forçado a fazer referência se quiser ter uma nota positiva nesta produção escrita.
Pararam. Fitaram-se. Deram as mãos.
– Tens a certeza de que queres fazer isto aqui? – perguntou-lhe ela.
– Sim, tenho – disse ele, mais certo não podia estar.
O calor das suas faces desmascarava o amor e o desejo que ambos nutriam um pelo outro. O bater do coração era mais forte que a própria noção da proximidade do tal cano de água. De tal forma que embateram ao de leve nele. Riram-se.
– Nós somos mesmo doidos… – disse-lhe ela.
Num ápice, tiveram relações sexuais sem estarem protegidos com um preservativo.
Passado nove meses, nasceu o bebé.
Miguel Barbosa