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Crónica

Sobre a felicidade

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O que é a felicidade? O que é isso de ser feliz? Nenhum livro de auto-ajuda lhe ensinará o caminho para tal, até porque cada pessoa tem o seu próprio caminho para seja o que for. Poderá dar-lhe algumas dicas de como o autor considera lá ter chegado, mas não lhe dará a receita por completo, até porque o que pode deixar a um feliz não deixa a outro. Oh, se assim fosse!

Cada indivíduo tem a sua própria dinâmica e interage com o mundo de forma diferente, de modo a retirar para si o que lhe preenche o vazio existencial, de acordo com as suas preferências e necessidades pessoais. Só assim se aproximará da felicidade: olhando para dentro de si mesmo, conhecendo-se. Mas, ainda assim, será mesmo possível a felicidade por completo?

Ora, pelo meu entendimento do género humano, a felicidade é um sentimento de realização a curto prazo (um momento de passagem que ocorreu devido a uma boa recordação, a uma tarde agradável passada em família, a uma divertidíssima saída com os amigos) e a médio prazo (concretização de um objectivo e/ou meta como o licenciar-se num curso que se gosta, o nascimento de um filho, uma promoção na carreira). Isto porque, a meu ver, ninguém consegue ser feliz a tempo inteiro e a longo prazo; a dor e o sofrimento fazem parte da vida e interferem constantemente no modo como o Homem se sente e traduz; logo, a felicidade como condição existencial é para mim, em última análise, um ideal utópico, uma construção do imaginário humano.

Em contrapartida, gostaria de refletir nos casos de alguns monges budistas que afirmam ter alcançado a felicidade plena porque conquistaram a da sua paz interior, sabendo relativizar os seus sentimentos e emoções negativas, dado que vivem com mais amor do que com dor. Concordo e acredito nestes argumentos até certo ponto. Contudo, a meu ver, a dor deles existe, está lá, relativizada, suavizada ou não, sendo que essas pessoas podem “roçar a felicidade” mas nunca chegam a entrar nela por completo.

Afinal, a verdade é que podemos por vezes sentirmo-nos felizes, mas não o somos verdadeiramente. Porque nada é absoluto no ser humano. Somos demasiado ambíguos. Somos infinitamente complexos.

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