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Artigo de Opinião

Apelo ao voto

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Já ouvi amigos meus a dizer que não vão votar porque o Marcelo já ganhou. Há pessoas que certamente não vão votar por conta do vírus que por aí anda à solta. Há pessoas que não votam – com ou sem vírus – porque ou não acreditam na democracia, ou não acreditam nos candidatos. Só quero dizer a essas pessoas que não há vírus, Marcelos, extraterrestres ou pedras que impedirão os eleitores do André Ventura de irem às urnas. A nossa democracia está em risco. Pode não ser no dia de amanhã. Mas os números de amanhã irão ditar o crescimento de um partido que apenas tem dois anos de existência. A candidatura do Ventura serviu apenas para lhe dar visibilidade, já que ele sabia à partida que não ia vencer. Visibilidade para ele, para o partido, para o populismo e o fascismo em Portugal.

Em dois anos chegámos aqui. Defende-se uma coisa e o seu contrário logo em seguida, aproveitam-se as escolhas estéticas de uma mulher para a denegrir profissionalmente, encenam-se ataques (sim, tenho em crer que foi teatro – como é que é possível que num dia um candidato refira pedras trazidas pelo mar e num curto espaço de tempo o candidato adversário tenha sido alvo de apedrejamento? Como é possível que o Bolsonaro tenha sido esfaqueado em tempos de campanha e o Ventura sofra um destino semelhante em tão pouco tempo?) e utilizam-se argumentos da teoria da conspiração para fazer descredibilizar adversários e permitir uma imagem de candidato-vítima. Comícios a terminar com saudações nazis, problemas internos dentro de um partido cujos principais promotores são corruptos, incerteza quanto ao financiamento do partido, bem como assinaturas de pessoas falecidas. Imaginem o que sete anos farão pelo partido do Chega. Ouço pessoas a comentar que são ditas ‘algumas verdades’, mas também sei que essas verdades ou são 1) retóricas ou 2) têm o prejuízo das classes média, média-baixa e baixa nas entrelinhas.

Em dia de reflexão, deixo aqui a minha, bastante breve. Só poderia ser uma: votem, todo o voto contra este tipo de discurso conta. Porque é um discurso fácil, que agrada a quem se sente injustiçado e pensa política com o coração nas mãos. Está na hora de defendermos a democracia e de mostrarmos que, apesar de tudo, somos um país que pensa política com humanidade, empatia e inteligência.

 

Clara Maria Silva