Devaneios
O medo da sorte do azar
Tenho medo.
Medo da sorte e do azar,
do cheiro a morte
e de um olhar.
O azar da sorte
é estar tão perto da morte:
à distância de um olhar.
Ditar à sorte o azar da morte
é ser mais fraco do que forte.
É ser um cético de grande porte
abandonado à sua morte,
porque a sorte teve azar.
O medo do azar
é o olhar da sorte
que sem medo e com Norte
desampara a morte
à sorte de quem a viu chegar.
E é com um olhar de morte
Que o azar cumprimenta a sorte
Um olhar que cheira a medo
e que distorce
a visão daqueles que a morte
recusam aceitar.
Artigo da autoria de Inês Araújo Silva