Devaneios
Queda e Ascensão
de asas esticadas
cresço em meu voo;
sinto-me feliz
sou a própria liberdade
mas o homem, invejoso,
lança-me do chão o ódio em flecha,
sorrindo com malícia,
enquanto perco a altitude de uma vida
caindo em derrota,
as minhas asas desvanecem tornando-se em pó
e sinto-me encolher numa dor agonizante
que me incendeia as entranhas,
transformando-me em frágeis cinzas
ainda antes de alcançar o chão
mas as cinzas do meu corpo
não têm leito de morte
e do prana que gere o universo
renasço do pó da terra,
tornando-me, de novo, criação:
de uma nova dor incandescente
nasce-me carne
surge-me mente
sangue pulsante nas veias
asas firmes
corpo robusto
e com a jovialidade
de um experiente recém-nascido,
ergo-me de novo em voo gracioso,
transformando-me outra vez em liberdade
enquanto, lá em baixo,
o homem aprende, humilhado na sua pequenez,
que apesar de não haver
pássaro que não morra,
só uma fénix renasce
Artigo da autoria de Sandra Luísa Soares