Crónica

Crónica Poética: Uma Ode Pandémica

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Quando entorpecidos despertam para tempo distópico,

Entre o emergente desconhecido e um estado hipnótico…

 

Amargo bálsamo, contagiante sabor de primavera,

Desordenado turbilhão, vertiginosa insânia austera;

Ventos revoltos sopram para trás e para a frente,

Sacodem sonâmbulos perdidos de alma insurgente.

 

Ressoam gritos silenciosos alimentados na escuridão,

De corpos sitiados e de mentes perdidas na inquietação;

Tempestade de murmúrios, um mundo que protesta,

Anticorpos precisam-se para esta (i)realidade indigesta.

 

Viagem de insónias à boleia de sonhos aprisionados,

Asas que se quebram, nuvens solitárias, voos adiados;

Chuva que se faz de lágrimas que carregam ausências,

Solidões eternas, e afetos perdidos que são urgências.

 

(Des)encontros esquecidos são levados por fantasias que voam,

Relatos de memórias que resistem e distâncias que magoam;

Entre ânsias e medos, olhares tristes que apagam ao adormecer,

Quando múltiplos sonhos se acendem e anseiam por acontecer.

 

Cega estranha procura por liberdade que jaz na própria prisão,

Veneno sedutor, adoçadas oportunidades de mudança em vão;

Viciado desassossego de quem sobrevive ao respiro em clausura,

Profecia de sábios ignorantes, que contagiam a morte pela cura.

 

Ignóbeis cúmplices de quem arruína o mundo lentamente,

De quem se nutre e se alimenta de uma realidade doente;

Envenenado turvo coração de quem envenena a liberdade,

Taquicardia de quem apaga a luz para brilhar na insanidade.

 

Sobreviver entre vampiros, pelo sangue de rasto pandémico,

Imperfeita selva humana, combate de sobrevivente anémico;

Entre trilhos sombreados, à espera da luz, a aguardar um sinal,

(Re)encontro com demónios que se escondem, indolência trivial.

 

Sedenta por um recomeço, tanto por procurar, tanto por mudar,

Resistências persistem, mentes que despertam em causas por lutar;

Entre ruídos e silêncios, voz que nasce completa na incompletude,

É primavera rebelde que brota e que reclama pela eterna juventude.

 

Poesia desobediente nasce em raios de sol e em rasgos de esperança,

Pássaro vigilante que voa veloz desenfreado num suspiro de dança;

Amor que vitamina, inspira e dissipa nevoeiros perigosos devagarinho,

Vislumbre de liberdade que pulsa e na noite nos ilumina o caminho!…

 

Artigo da autoria de Ana Garcia

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