Devaneios
O outrora e o agora
todos os dias
trepava aquela árvore
tangerineira,
sabendo de cor os seus caminhos
serpenteando por entre os seus perigos
lá do alto
parecia ver-se o mundo inteiro:
as possibilidades da paisagem
os infinitos
nada me era impossível:
sendo criança
era imortal, só com futuro;
e tão doces eram as tangerinas
que pendiam sob os ramos…
como poderia saber que a maldade
habitava na vida?
agora, mulher,
ao recordar esses momentos
e vendo a árvore de tamanho tão modesto,
lembro-me de como tudo é maior
quando somos pequenos
hoje, tenho saudades
dessas coisas simples e modestas
que me faziam sentir completa;
as grandes coisas,
quando não as consigo,
só me fazem minúscula
e a vida, essa,
tem enormes arranha-céus
Artigo da autoria de Sandra Luísa Soares