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Opinião

Falar no Silêncio das Palavras

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O estudo da linguagem do corpo – a arte da comunicação não-verbal – é, provavelmente, o mais estimulante, desafiante e útil no desenvolvimento da psicologia pessoal da atualidade. Acrescenta uma dimensão totalmente nova àquilo que se pode saber acerca das pessoas, para além de um novo leque de possibilidades que o mundo passa a oferecer – o corpo fala, a boca seca perante tanta inatividade e tudo é dito sem ser dito.

São tantas as formas de comunicação, os formatos, as formas de nos fazermos entender, contudo, e apesar dos milhares de anos de desenvolvimento humano, apenas temos dado importância aos canais verbais – aquilo que se diz e aquilo que se escreve. A comunicação não-verbal tem sempre sido colocada numa posição secundária, considerada menos importante. Será que o é? Será que o que não dizemos não é, efetivamente, dito? Não é expelido por um corpo que vive o que lhe vai na alma?

Na verdade, esta forma de  comunicação tem tanta importância (quiçá mais) como as palavras, muitas vezes imbuídas em mentiras. O que não dizemos transpira em nós na forma de gestos, movimentos musculares espontâneos, descontrolados e impercetíveis. Isto sim, é informação acerca das pessoas e daquilo que estão a pensar e a sentir.

A informação que a linguagem do corpo nos oferece, tanto acerca de nós mesmos como dos outros, não é apenas complementar, é também diferente da que se obtém a partir da comunicação verbal. Nessa diferença somos indivíduos, somos reais, verdadeiros. Esconder esta verdade nem sempre é fácil, e carece de empenho num autocontrolo emocional e difícil.

Enquanto as palavras das pessoas nos dizem algo que elas querem conscientemente que saibamos, a linguagem do corpo consegue revelar toda uma outra dimensão de informações, muitas das quais elas não sabem que estão a revelar – não sabem porque não têm consciência do que «dizem» sem dizer.

As bases da personalidade de uma pessoa; o papel social que está a desempenhar; as emoções que está a sentir; a direção dos seus pensamentos; a sua relação com os outros; aquilo que pensa realmente de nós… tudo isto é comunicado pela linguagem do corpo e apenas temos de estar atentos às pessoas que nos rodeiam para ouvir esta comunicação sem som.

Observar os outros leva-nos a uma imensidão de segredos. A linguagem do seu corpo é muito mais custosa de falsificar ou esconder, mas da mesma maneira que conseguimos descobrir segredos escondidos das outras pessoas através da linguagem do seu corpo, o mesmo acontece em relação à nossa linguagem corporal e a tudo aquilo que tentamos ocultar, portanto, tenhamos em atenção a informação que queremos dar a conhecer. O corpo, traiçoeiro, é um diário aberto que só poderá ser «lido» pelos mais atentos e astutos.

Será caso para ponderar sobre o que diz o nosso corpo e o que queremos que ele diga!

 

Artigo da autoria de Bárbara Pires

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