Artigo de Opinião

Quantificar sentimentos e emoções

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E quando nos dizem que não há razão nenhuma para estarmos a chorar? Ou que nada de extremamente grave aconteceu para termos a reação que estamos a ter? Ou que não precisamos de ficar tão abatidos com uma situação? De certeza que algo negativo nos abalou e nos fez reagir dessa forma que os outros acharam “exagerada”. A verdade é que eles não são como nós. O que estamos a sentir é pessoal e não se explica. Se algo nos afetou, é impossível esconder.

Ao falarmos em emoções, precisamos de ter em conta que estamos a referir-nos a algo muito subjetivo, que varia de pessoa para pessoa. Uma emoção é uma reação. E consequentemente, ela tem resultados, sendo que a maneira como nos comportamos perante algo depende justamente da emoção que estamos a sentir. Como seres biológicos que somos, vivenciamos situações todos os dias e as coisas que sentimos são os chamados sentimentos. Lembro-me de aprender nas minhas aulas de Psicologia no secundário que as emoções são estados internos do existir do indivíduo, tanto que aparecem quase logo após o nascimento de forma brusca e repentina, como é o caso da alegria e da tristeza (o bebé chora diante de necessidades como fome e sono). As emoções são normalmente acompanhadas por um comportamento físico, como sorrir ou chorar.

Quero recordar um ponto muito importante – todas as pessoas lidam com as situações à sua própria maneira. Lembremo-nos da seguinte frase: “Ninguém sente da mesma forma”.

Quando nos preparam uma festa-surpresa no nosso dia de aniversário, por exemplo, ficamos surpresos, espantados. Da mesma forma que, se estivermos diante de algo do qual temos medo, ficamos, por vezes, aterrorizados. É neste momento que voltamos à frase anterior – “Ninguém sente da mesma forma”. Afinal, só porque um amigo que estava connosco achou exagerada a nossa reação, devemos deixar de sentir essa emoção? Creio que isso não seja possível.

Quero falar sobre o hábito que muitas pessoas têm de quantificar sentimentos, emoções e pessoas. E estou a referir-me a qualquer coisa que desperte em nós uma emoção muito forte, ao ponto de nos diferenciar muito dos outros. Pensemos em alguém que recebe um carro de presente. Essa pessoa pode mostrar-se extremamente feliz, não consegue conter a alegria, canta, ri e salta pela casa. Por outro lado, uma outra pessoa, nas mesmas circunstâncias, recebe o mesmo carro, mas apenas agradece com um ‘obrigado’ comum e continua a sua vida normalmente. Mesmo estando ambas felizes, essas duas pessoas não sentem de igual forma e nem mesmo demonstram a felicidade de modo semelhante.

Algumas pessoas veem-se dentro de uma grande tristeza quando uma jornada acaba. Determinada fase da sua vida chega ao final e, durante meses, revivem tudo aquilo, choram de saudades, pensar nisso entristece-os, mas, mesmo assim, não tiram aqueles pensamentos da cabeça. Sei que saudades e nostalgia é algo pela qual todos passamos, mas em alguns casos, a saudade é sempre demasiado intensa, que dói, não é saudável e não faz bem. Mas é a maneira que eles têm de sentir os acontecimentos passados e de lidar com eles. E, novamente, “ninguém sente da mesma forma”.

Será que são as emoções que sentimos que nos difere entre pessoas fortes e fracas? Creio que não. O que muda é apenas a personalidade de cada um de nós, sobre determinado assunto. E é mesmo por esse motivo que não devemos quantificar, medir as emoções de alguém, a maneira como a outra pessoa reage a algo. Porque todos somos pessoas diferentes. Temos cores de olhos diferentes, tipos de cabelo diferentes e gostos distintos, tal como a maneira de reagir e de sentir é diferente. Se estás habituado a criticar alguém porque simplesmente teve um comportamento “exagerado”, no fundo, não sabes o significado que aquilo teve para ela.

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