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Opinião

O apedrejamento a Rui Moreira

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Decorreu há dias o primeiro debate entre os candidatos à Câmara Municipal do Porto, concorrentes às eleições autárquicas agendadas para dia 26 de setembro.

De modo geral, foi um debate calmo. Em termos de combate, picardia e galhardetes, deixou um sabor insípido quando comparado ao debate da capital.

Rui Moreira apresentou-se como se previa: refastelado na poltrona da maioria absoluta, tendo como oposição direta Tiago Barbosa Ribeiro, uma segunda (ou terceira ou décima) escolha do PS, e Vladimiro Feliz, um salvador da pátria para Rui Rio. Mesmo em relação ao tópico mais quente do debate, o caso Selminho, todos os candidatos respeitaram a presunção de inocência e a futura decisão do Tribunal, não aproveitando para denegrir a imagem do atual Presidente da Câmara do Porto.

Assim, nem uma pedra foi atirada a Rui Moreira. Mas não foi isso que me espantou nem que me captou a atenção neste debate. O que verdadeiramente me surpreendeu, já no rescaldo do confronto, enquanto via imagens de todos os candidatos reunidos numa megaoperação televisiva em plena Avenida dos Aliados, no coração da cidade do Porto, foi a total ausência de um apedrejamento (agora no sentido literal) a Rui Moreira ou a outro candidato.

Era simples. Até um terrorista ou hooligan de meia lata teria criatividade suficiente para, diante daquele cenário, reparar na oportunidade de ouro para sorrateiramente plantar uma bomba artesanal, atirar um pedregulho solto da calçada portuguesa ou saltar as barreiras e dar um amigável cachaço a um candidato.

Para desilusão da minha veia imaginativa, tal não aconteceu. O máximo que se ouviu foram duas ou três buzinadelas. Um grupo de pessoas reuniu-se perto do local, somente para seguir ordeiramente o debate, quiçá movidos pela curiosidade de ver, ao vivo e a cores, a câmara da SIC que opera sem mão humana.

O inacreditável desta situação é que este tipo de debates a céu aberto só são possíveis em Portugal. Estamos tão habituados a este nível de segurança e pacificidade que já nem ficamos espantados.

Nos Estados Unidos da América, o Presidente viaja num carro preto, blindado, com vidros escuros e acompanhado de diversos outros carros. Há snipers nos telhados, manobras de distração, saídas pelas traseiras. Em Portugal, o Presidente da República faz uma caminhada até ao país vizinho, rumo a Santiago de Compostela, acompanhado por apenas dois guarda-costas, mas apenas por obrigação.

Podemos estar pessimamente posicionados nos mais variados rankings da União Europeia e da OCDE em relação a temas económicos, sociais, de saúde ou educação, no entanto o bronze nos Campeonatos Mundiais de Segurança ninguém nos tira. Ou ninguém nos tirava, já que perdemos este verão o terceiro posto do ranking para a Dinamarca, não por um centímetro, como no atletismo, mas provavelmente por uma bala a mais. Apesar deste pequeno contratempo, temos aguentado a excelência no que toca à serenidade e à ausência de crime há vários anos. Uma carreira digna de biografia. Somos ultrapassados pela Islândia, em que metade do país é neve, e pela Nova Zelândia, em que metade do país é terra.

Talvez por causa deste facto, nestas autárquicas o partido Ergue-te (antigo PNR) apresenta a proposta de armas de defesa pessoal para os cidadãos. Tendo em conta o estado de caos e desordem que se vive hoje em dia em Portugal, penso que é a medida mais urgente. Vou agora mesmo tratar da minha licença!

 

Artigo da autoria de João Paulo Amorim

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