Autárquicas 2021
O jogo das Autárquicas
Foi uma noite recheada de surpresas e emoção até o fim. As Autárquicas deixaram-nos sentados na beira do sofá, desde o seu apito inicial até ao apito final, que parecia não ter fim.
Os holofotes da noite centravam-se no confronto entre Fernando Medina e Carlos Moedas, pela Câmara Municipal de Lisboa, numa verdadeira final de Liga dos Campeões, com muito nervosismo, reviravoltas nos resultados e paixão à mistura. Ambas as claques cantavam vitória ainda no antes da partida. Passado algum tempo, o marcador mostrava empate técnico, mas a “laranja mecânica” acabou por levar a melhor no prolongamento. Medina bem avisou que seria preciso beber café, ainda bem que não gastou umas moedas em vão a comprar Dom Pérignon.
Se para uns foi de roer as unhas, para Rui Moreira foi um habitual jogo de solteiros contra casados de domingo à tarde. Na chegada à sede, o Presidente eleito para a Câmara Municipal do Porto afirmou ter ido à praia beber café, almoçar com a família e ter feito uma sesta. Mais um simples domingo na vida de Rui Moreira, portanto.
Enquanto uns lutam por presidências, outros lutam para serem o melhor dos piores. A medalha de bronze era a grande ambição do CHEGA de André Ventura, mas acabou por ir para o CDS de Chiquinho (Chicão se ganhasse, certo?). Aliás, vendo os discursos de alguns dos principais líderes partidários, ficamos com a sensação de dever cumprido, de que todos foram vitoriosos e têm tatuado no braço a frase “Perder ou ganhar é desporto”. Lembravam crianças felizes por receberem um diploma de participação no torneio da escola.
Apesar de tudo, entre cartões amarelos e vermelhos dados ao desbarato, foram umas eleições positivas onde o PSD saiu vitorioso, muito pela inesperada reviravolta no marcador, que vem dar algum fôlego a Rui Rio e que nos deixa com a pulga atrás da orelha para admirar o desenrolar da política no nosso país, com os olhos nas Legislativas de 2023. Mas o mais importante, a democracia aconteceu.
Artigo da autoria de Gonçalo Azevedo