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Artigo de Opinião

O Crime da Alma Empobrecida

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“Mas é uma vida”, dizem eles. “É assassinato”, insistem ainda.

O crime, que todos contestam, é em verdade incitar a mulher a carregar um filho sem o seu consentimento. É forçar uma pessoa que fora abusada sexualmente a gerar uma vida, é comprometer a saúde mental materna e é não proteger a vida da mulher que se encontra em jogo.

O célebre argumento do “Fizeste? Agora cuida.” fraqueja de imediato pela incógnita da intenção, ou seja, nem uma singela pessoa detém conhecimento sobre o casal ter recorrido ou não a algum género de método contracetivo. Ainda que a resposta seja afirmativa, levanta também a questão alusiva a conceber uma criança indesejada como que um meio de punição para a “irresponsabilidade” dos pais, sujeitando a criança à dor e condições de vida precárias.

Defendendo-o ou refutando-o, o aborto acontece. Em Portugal, o aborto voluntário foi legalizado por referendo realizado em 2007, porém, existem ainda diversos países onde o mesmo não se verifica, sendo que a ilegalidade da questão em nada impede a realização do procedimento.

A ilicitude da interrupção da gravidez é, em verdade, o maior fator motivacional no desencadeamento de um aborto arriscado. Sob um ambiente hostil e sem qualquer tipo de segurança prestada, são milhares as mulheres que correm o risco de padecer em clínicas clandestinas, nas quais impera a carência de informação e aptidão por parte das pessoas que o realizam.

Por todos esses motivos, hoje celebramos justamente os 15 anos desde a legalização do aborto em Portugal. 15 anos em que o número total de abortos diminuiu, bem como as mortes devido ao procedimento. 15 anos em que se possui livre-arbítrio sob o próprio corpo, em que a culpa não é nem nunca será da mulher que aborta, mas sim da sociedade que a estereotipa de promíscua e irresponsável. 15 anos nos quais não importa o motivo, apenas a segurança.

Artigo da autoria de Sara Terroso