Crónica
Relato de um dia cinzento
São 9h da manhã. Os locutores de uma rádio portuguesa anunciam que a Rússia invadiu a Ucrânia durante a madrugada e logo de seguida transmitem a música “Russians” do vocalista “Sting”, uma canção que volta a fazer sentido 37 anos depois de ter sido lançada.
Os meus olhos enchem-se de lágrimas. Estou triste por todos aqueles que se veem obrigados a fugir das suas casas, do seu país, em busca da sobrevivência. Estou triste pelo mundo e porque percebo que os erros do passado, pelos visto, não serviram como aprendizagens para o presente.
Abraço, mentalmente, todos aqueles que vejo a chorar em desespero. A vida não é isto, não pode ser isto.
Como é que em pleno século XXI estamos a assistir a uma guerra desta dimensão? Esta é a pergunta que o mundo coloca profusamente neste momento, mas colocamos muitas outras:
· Até onde vai a ganância desmedida?
· Quais serão as consequências mundiais desta guerra?
· Como podemos impedir que isto tome grandes dimensões?
Instabilidade, medo, incerteza. Todos estes e muitos mais sentimentos estampados no rosto do mundo, mas principalmente no rosto do povo ucraniano, que apesar de tudo é forte e tem um amor enorme pela pátria.
Pensei o dia todo neles, e sinto-me culpada por ser tão impotente nesta situação. Como é que conseguimos viver normalmente sabendo que perto de nós há pessoas desesperadas e a perderem a vida num conflito armado? Sinto que nada faz sentido, pensei que a evolução iria fazer o mundo avançar, em vez de recuar.
Apesar de tudo, mantenho a esperança na humanidade e na paz, pois todos “compartilhamos a mesma biologia independente da ideologia”… espero que o humanismo supere a ganância cega!
Artigo da autoria de Inês Ribeiro