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Artigo de Opinião

O Fâmulo de Putin

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Ao longo deste período de guerra, caracterizado por uma inenarrável barbaridade, assistimos à formação de uma crença ideológica do Partido Comunista Português que se revela, essencialmente, na falta de princípios universais de direito e de valores humanitários. Várias foram as expressões, textos e comunicados que demonstraram uma aliança à Federação Russa, o que nos permite afirmar que o PCP, dito de amplas liberdades, compactua, em grande escala, com o “Putinismo” – um regime egocêntrico com traços do gaullismo e do bonapartismo, tratando-se, assim, da maior ameaça à segurança dos países europeus desde o fim da União Soviética, cujo império parece pretender reconstruir.

As últimas facadas do PCP na esfera democrática traduzem-se no não acompanhamento da proposta sobre o convite ao Presidente Ucraniano para discursar na Assembleia da República, iniciada pelo PAN. Para além disso, não podemos ser indiferentes à total cegueira ideológica do partido ao considerar encenação o indescritível horror que assolou a cidade de Bucha – referindo-o quer de forma tácita quer expressa – e supondo que os soldados ucranianos, com a supervisão dos EUA e do Ocidente em geral, urdiram de forma exímia uma falsa barbaridade cometida sobre os seus cidadãos.

Até a guerra tem regras e estes crimes são o expoente máximo da brutalidade. Neste ponto, é necessário colocar uma questão, quer a nível público, quer fazendo uma introspeção: no barco da democracia pode estar a bordo um partido que, confuso ideologicamente, não repreende crimes que violam a mais básica dignidade humana?

A Democracia e o Estado de Direito devem ser inabaláveis, o que significa que nenhum partido pode ter uma função de mediação política que tolere o regime de Putin e, ainda, o defenda em determinadas circunstâncias. Assim, neste sentido, faz-se uma segunda questão, mas desta vez direcionada para o eleitorado do Partido Comunista Português: até quando é possível estar ao lado de quem serve, ainda que direta ou indiretamente, o regime de Putin e está ao serviço da Federação Russa?

Concluo, apenas, com um reforço e apelo à contínua ação humanitária, bem como ao procedimento e comportamento político internacional: durante este período dramático, a nossa solidariedade não pode ficar, apenas, por palavras bem-intencionadas. É com ações concretas que podemos fazer a diferença. Será o nosso contributo na luta pela liberdade. Desta forma, é necessário que qualquer Estado esteja disposto a pagar o preço da liberdade para que entre nós possa prevalecer o compromisso com os princípios democráticos e humanistas, com a solidariedade e, acima de tudo, com a decência.

Artigo da autoria de Diogo Silva