Devaneios
Era uma vez
era uma vez um homem
que não podia tornar-se memória
vivia infeliz;
de que servia viver se não podia ser lembrado?
nessa agonia do esquecimento certo
não tinha paz – vivia em guerra com a sua existência,
em conflito consigo mesmo
certos dias queria desistir de si, resignando-se;
outros dias queria lutar contra o destino,
como se só nesse protesto se sentisse vivo, real
não sei o que foi feito desse homem
nem sei como sei a sua história.
talvez, afinal, nessa sua luta
com improvável estatística de vitória
se tenha conseguido tornar memória
Artigo da autoria de Sandra Luísa Soares