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Opinião

Politicamente Correto: Hipocrisia Desmedida

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Se olharmos atentamente para a sociedade atual encontramos paradoxos bem vincados.

Há muita gente que se esconde por trás de ecrãs para escrever o que não pensa e para ser o que não é. E porquê? Porque acreditam que só assim serão aceites pelos seus seguidores e pela sociedade. Estamos a ser dominados pela fusão que existe entre o ser humano e a tecnologia. Parece que somos “programados” para agir de determinada forma nas redes sociais, existindo dois passos que devem ser seguidos, rigorosamente, para nos considerarmos politicamente corretos, ou talvez hipócritas:

  • É essencial escrevermos frases vazias, sem opinião própria para não sermos “cancelados” por pessoas com opiniões divergentes;
  • A nossa vida tem de parecer perfeita e feliz;

A verdade é que a hipocrisia é considerada o combustível das redes sociais, pois só assim se alcançam mais likes e seguidores. Quem não segue o padrão é considerado estranho e anti-social, e quem o segue, muitas vezes é premiado com presentes e parcerias de marcas que sabem que estas pessoas, muitas vezes denominadas de “influenciadoras”, têm a capacidade de captar a atenção e manipular mentes para a adoção de determinadas ações.

Questiono-me várias vezes sobre o porquê de tudo isto acontecer e reflito sobre a possibilidade de as pessoas quererem ter duas vidas e duas caras, para fugirem da realidade e da agitação do dia a dia, mas não consigo entender como é que muitas vezes se perde a essência real para a vida virtual. Não compreendo a desvalorização de valores como a sinceridade e a honestidade, para se dar destaque à falsidade e ilusão.

Não sermos reais nas plataformas digitais muitas vezes provoca sentimentos de felicidade e aceitação por recebermos likes e comentários positivos, mas o lado negativo tem um peso maior no nosso bem-estar, uma vez que pode provocar angústia, tristeza, frustração e dívidas financeiras. Talvez “dívidas financeiras” pareça uma desvantagem mais difícil de compreender, mas não é, pois basta pensarmos no que precisamos de fazer para estarmos bonitos e conseguirmos fotografias harmoniosas: roupas e lugares atrativos. Isto envolve custos e muitas pessoas gastam o que têm e o que não têm, só para comprarem uma determinada roupa que toda a gente tem e para irem a um lugar aonde toda a gente vai, contribuindo, também, para o crescimento da sociedade de consumo.

Estamos a ser dominados pelo surgimento de uma sociedade utópica, mas que não traz grandes vantagens para o nosso bem-estar. A necessidade de aprovação está a criar robots sem ideias e vontade próprias, como se essa fosse a prioridade mais importante da nossa vida!

Está na altura de sermos mais livres, de nos libertarmos de ideias e pensamentos impostos pela sociedade. As nossas vontades reais devem ser escutadas e aplicadas. É urgente a autenticidade!

Artigo da autoria de Inês Ribeiro

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