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Crónica

Meteorologia Estranha

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O Inverno ainda não começou oficialmente, porém, a partir do momento que já vejo iluminações de Natal, para mim, é como se fosse. Deste modo, é Inverno e ainda está sol, porém frio. É confuso. Eu sou uma pessoa que gera a roupa que vai vestir com base em dois critérios. O primeiro, rege-se pela altura do ano em que estamos, isto é, estamos em novembro, frio, levo sempre uma sweat quentinha. O segundo, é com base no que o céu aparenta da janela do meu quarto, ou seja, eu vejo que está sol não preciso de um casaco para complementar a sweat que, por si só, deve bastar. E saio de casa sem abrir a janela do quarto.

Qual não é o meu espanto, quando saio para a rua e percebo que está ligeiramente mais frio do que imaginava. Até aqui tudo bem, apanho um bocadinho, insignificante, de frio até ao metro/autocarro e dentro das salas de aula é agradável. Contudo, saio às 17:30 e o céu aberto, com o qual deixei a casa, saiu de campo e, para o seu lugar, entrou um aterrador céu escuro, sombrio e, surpreendentemente, fica mais frio. Admito que é erro meu e deveria ter calculado que o tempo ia arrefecer à medida que o dia passa, mas olhem, esqueci-me. O facto é que este pequeno lapso é suficiente para aumentar a pluviosidade do meu nariz. E, do nada, estou constipado.

O dia seguinte não me vai enganar, já nem abro sequer a persiana do quarto. Pego, novamente, numa sweat e, de imediato, no casaco e saio de casa. Problema, saio de casa e àquela hora ainda não está “frio para casaco”, então tiro-o até porque pela rua encontro rambos de manga curta que me fazem sentir mal ao estar a usar tanta roupa. O casaco é demasiado grosso para caber na mochila então levo-o na mão. Apercebo-me que fico ridículo a usar o casaco na mão, para além de não ser nada prático, então volto a vesti-lo até à estação. Apanho o metro/autocarro, porém como está demasiado calor lá tenho de o tirar para não parecer um tolinho. Entretanto, como estou constipado graças a toda esta adaptação do “Garagem da Vizinha” do Quim Barreiros versão casaco, tenho de me assoar. Procuro lenços, enquanto rezo para que os tenha trazido, e percebo que estão no casaco que acabei de tirar. Procuro agora os lenços no casaco que está no meu colo, mas como não o tenho vestido, o referencial é diferente, e nunca acerto à primeira no bolso correto.

Após segundos que parecem horas a procurar os lenços, lá os encontro e assoo-me. Aqui, surge outro problema. Eu constipado até ao tutano, e não querendo ser indelicado, para realmente conseguir aliviar algum do movimento que se vai passando nas minhas narinas preciso de emitir um som parecido ao de uma escavadora. Contudo, o protocolo social exige que haja um pouco de, chamemos-lhe, decência, controlando o desejo de o fazer. Desta forma, vou dando pequenas assoadelas de princesa, sistematicamente, até acabar o pacote. Quando isso acontece, mantenho a mesma quantidade de muco per narina que tinha antigamente.

Depois vêm os dias em que realmente chove, havendo mais uma variável na equação: os guarda-chuvas. Não me interpretem mal, os guarda-chuvas são importantíssimos na função de nos deixar só 95% e não 100% molhados, o problema é quando o temos, mas não chove. É mais complexo do que pensam porque se estivermos, por exemplo, no metro/autocarro, não o podemos simplesmente deixar no chão esquecido, temos de o segurar perto de nós, mas não o suficiente para nos molhar. Todavia, também não longe o suficiente para molhar as outras pessoas – e não nos roubarem. E, quando saímos para um dado sítio a chover e quando voltamos não está? Este é outro caso caricato, pois não o podemos simplesmente meter o guarda chuva na mochila porque, portanto, está molhado. Então, somos obrigados a andar com ele na mão, e isso chateia-me muito. É uma irritação pessoal que me deixa mesmo nervoso, andar na rua com uma mão no bolso e a outra a segurar um longo metal que vai pingando na outra extremidade. Não sei, sinto-me estúpido e para isso já tenho esta tentativa barba de um rapaz que acabou de entrar na puberdade.

Enfim, novembro está-me a chatear e ainda só vamos a metade. É tanta logística que talvez o melhor seja mesmo faltar às aulas. Ou se calhar não, já que ando num curso de comunicação e daqui a 1 ano estou a receber 4 mil euros para ser assessor. Se calhar aguento mais um bocadinho.

Artigo da autoria de José Miguel Dantas

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