Devaneios
O QUE VEM DURANTE DO ANTES DA TERAPIA?
Segundo a teoria do escritor americano Jim Rohn, nós somos o produto da média das cinco pessoas com quem passamos mais tempo. Em outras palavras, o meio em que vivemos, inevitavelmente, influencia as nossas ações, pensamentos e, principalmente, os nossos sentimentos, fazendo refletir em todas as áreas da nossa vida pessoal.
Nesse contexto, percebemos que muitas vezes nos pegamos dividindo nossas angustias com “fulanos e sicranos”, os outrem que ocupam a extensão de nossas vidas. Familiares e amigos que assumem o papel de apoio na busca por afago. Mas é que o humano tende a trazer para si, todo e qualquer assunto. Sempre a transformar aquilo que está em discussão para algo sobre você.
Falar sobre si o tempo todo mesmo sem perceber
O que acontece é que algumas pessoas são mais propicias a conversar abertamente com familiares sobre a sua vida pessoal. E isso é muito bom, embora algumas vezes possa chegar a atrapalhar mais do que ajudar. Isso porque, quando abrimos a nossa vida para que as pessoas possam “opinar” sobre quais decisões devemos tomar acerca de algo, ou como lidar com problemas pessoais, estamos também ‘terceirizando’ o processo de cura.
Também estamos buscando um outro alguém que não nós mesmos para pôr a culpa caso algo dê errado nesse processo de resolução.
Cada um carrega consigo subjetividades e marcas indizíveis. Não que queiramos esconder do outro o que sofremos, mas são traços mnêmicos recalcados no inconsciente e que, mesmo desconhecidos, são as causas das angustias sentidas.
Ao conversar com outras pessoas, familiares ou não, damos a estas apenas as informações das quais temos acesso: a versão da história que acreditamos ser a real. As críticas se lançam sobre nós e, muitas vezes, elas apenas fortalecem uma ideia já exacerbada em nosso consciente. Afinal, nossos familiares e amigos não diriam algo que acabe por nos magoar, certo? E é aí que está o perigo. A troca de informação incompleta ou direcionada que acaba afetando na compreensão do todo.
Ao procurar apoio técnico, ou seja, iniciar uma terapia, o paciente passará por um processo de assimilação circunstancial.
O profissional irá pensar e aplicar ao paciente, uma metodologia de acesso ao evento em questão, fazendo com que o mesmo — que metaforicamente se encontra perdido em um grande labirinto que é a mente humana —, possa traçar, ele mesmo, mas também com o apoio técnico deste profissional, o caminho para a saída deste labirinto em sua mente — ou que se organiza todas as mentes humanas.
Assimilação: o que pode mudar em você hoje?
Você sabe o que significa essa palavra na prática? Na psicologia social, assimilação é o processo pelo qual um grupo humano, uma minoria ou uma coletividade imigrante, é absorvido pela cultura de outros grupos. Define-se hibridismo social porque se caracteriza, obrigatoriamente, pela mistura de valores, costumes e culturas, sendo esta assimilação voluntária ou não — lembra dos jesuítas e afins?
Para contextualizar. Foi durante esse período de introspecção mundial vivenciado durante o enfretamento da pandemia que pude revisitar esta palavra, atribuindo-a um novo significado.
Uma reflexão mais orgânica da coisa toda. Isso não pode passar batido, toda essa mudança social que estamos enfrentamos com tanta evolução tecnológica (IA), movimentos migratórios, giradas políticas e tantas outras ‘novas performances’ que vieram para ficar de vez.
Assimilação, então, apareceu como o processo de reflexão interna gerado pelas adversidades e fatos que ocupam estes tempos atípicos e vorazes.
Lembre-se, você vive a busca de lidar com as suas inquietações, frustações e medos. Assimilar a sua existência pode ser um processo inicial para essa busca. É preciso entender mais da terra do terreno para se planejar colher bons frutos. Nem todo lugar é fértil, por isso, entender o seu lugar no mundo é primordial saber adubar sonhos.
Artigo da autoria de Ícaro Machado