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Opinião

A Importância de Ensinar Literacia financeira nas Escolas

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Grupo de alunos em sala de aula observando professor que segura uma moeda grande, ensinando conceitos de literacia financeira.
Literacia Financeira e Educação para o Consumo é debatido pelos Direção-Geral da Educação | Imagem: ChatGPT

No âmbito da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, a Literacia Financeira integra o domínio “Literacia Financeira e Educação para o Consumo” e deve ser trabalhada na componente curricular “Cidadania e Desenvolvimento” em, pelo menos, dois ciclos do ensino básico. 

A educação financeira tem-se tornado cada vez mais crucial, e as escolas estão a começar a reconhecer o seu papel fundamental neste processo. Com o mundo financeiro em constante evolução, é essencial que os estudantes estejam preparados para tomar decisões financeiras informadas desde cedo.

A educação financeira nas escolas é  preparar os jovens para o futuro. Os resultados do PISA 2022 mostram que os alunos portugueses obtiveram 494 pontos em literacia financeira, colocando Portugal em 9º lugar entre 20 países. Embora tenha sido uma melhoria, ainda há espaço considerável para avanços.

A literacia financeira é essencial num mundo onde os jovens enfrentam decisões financeiras cada vez mais complexas, desde o mais básico, como gerir mesadas, usar cartões de crédito ou até considerar investimentos a longo prazo. Em Portugal, infelizmente, muitos jovens terminam o ensino secundário com um conhecimento financeiro básico limitado.

Pessoalmente, posso dizer que fui um desses casos, onde a realidade do mercado de trabalho e a relação com as finanças foi um impacto que não estava devidamente preparado para lidar. Isso torna os jovens mais vulneráveis ao endividamento, principalmente ao tomar decisões de consumo pouco informadas, ou até mesmo em situações burocráticas que exigem algum conhecimento financeiro, como, por exemplo, a declaração de IRS ou questões relacionadas com finanças pessoais.

Os Desafios da Literacia Financeira nos Jovens

Muitos jovens começam a gerir dinheiro ainda em casa, com uma mesada ou em pequenos trabalhos, mas poucos, infelizmente, entendem desde cedo conceitos essenciais, como juros, orçamentos, poupança ou investimentos — conceitos-chave para entender qualquer aspeto financeiro. A falta de uma educação formal em finanças pessoais faz com que estes jovens desconheçam esses conceitos fundamentais.

Adicionalmente, o impacto das redes sociais e do marketing digital, sendo cada vez mais relevante na vida dos jovens, acaba por vezes por ser uma má influência. Muitos jovens são expostos a um estilo de vida consumista e a uma constante pressão para gastar, o que os pode levar a tomar decisões financeiras impulsivas e irresponsáveis.

Além disso, muitos desconhecem os riscos associados ao crédito fácil, como os cartões de crédito e os empréstimos, que, usados sem moderação, podem levar ao endividamento precoce. A literacia financeira, se introduzida desde cedo nas escolas, permite-lhes desenvolver uma visão mais crítica e consciente sobre o valor do dinheiro, ajudando-os a compreender a importância da gestão responsável das finanças.

Isso leva-nos ao próximo tópico sobre o papel fundamental que as escolas devem ter na educação financeira.Essencialmente, a preparação para a vida adulta implica familiarizar os estudantes com estas questões financeiras desde cedo, para que possam tomar decisões mais conscientes e informadas.

O Papel das Escolas na Educação Financeira

Apesar de existir uma crescente compreensão sobre a importância da literacia financeira, a sua implementação nas escolas portuguesas ainda enfrenta desafios. Segundo especialistas, a falta de formação específica para os professores e a ausência de programas estruturados são dois dos maiores entraves para a integração deste tema no currículo obrigatório.

A abordagem tradicional, baseada apenas em teoria, também precisa de ser revista, pois pode não ser suficiente para envolver os alunos. É importante que as escolas adotem métodos mais interativos, como simulações de orçamento, debates sobre o consumo responsável e atividades práticas que ajudem os alunos a aplicar os conceitos financeiros no seu dia a dia.

Programas como “mini empresas” nas escolas, onde os alunos criam e gerem o seu próprio pequeno negócio, são exemplos de boas práticas que podem ser adaptadas e ampliadas.

No entanto, em países como a Finlândia, onde a educação financeira é lecionada desde o ensino básico, os resultados mostram-se positivos, com jovens mais preparados e conscientes dos riscos e das oportunidades financeiras.

A educação financeira acaba por ser essencial para a autonomia dos jovens. Ter conhecimentos de gestão financeira é tão importante quanto outras disciplinas básicas, preparando-os para serem cidadãos mais responsáveis e independentes. A criação de uma disciplina curricular dedicada à educação financeira seria um bom indicador para evidenciar a melhoria nos conhecimentos dos jovens sobre o tema.

Escolas e Comunidade: Investir em Jovens Cidadãos

Para além da formação teórica e prática, as escolas podem desempenhar um papel importante na comunidade escolar, envolvendo workshops e atividades sobre finanças pessoais. Isso torna o tema mais acessível e menos intimidante.

Penso que, neste aspeto, as autarquias, através dos gabinetes de jovens, podem ter um papel a desempenhar, promovendo maior investimento e tornando a educação financeira mais acessível a todos os jovens.

Portugal tem ainda um caminho a percorrer para alcançar uma literacia financeira plena, mas o primeiro passo deve vir das escolas. A formação financeira deve ser vista como um investimento, pois jovens financeiramente preparados são cidadãos mais responsáveis, menos propensos a problemas financeiros e mais aptos a resolver questões burocráticas de forma informada.

 

Artigo da Autoria de Alexandre Ribeiro

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