Devaneios
grito
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certos dias
eu queria poder gritar
sem que parecesse definitivamente louca
gritar os meus males
os meus medos
os meus pesadelos;
o que me foi e é negado
o que nunca poderei ter
gritar o que me foi gravado
na pele, na carne, na memória
e não consigo esquecer
gritar até que o dia se fizesse noite
e a terra tremesse;
vulcões explodissem
o mar congelasse;
até que o céu se estilhaçasse que nem espelho partido
até que o infinito sangrasse
mas não posso,
não consigo
por isso
grito por dentro
em silêncios exteriores disfarçados de estoicismo
grito na mudez dos angustiados e incompreendidos
grito para os meus próprios ouvidos
Artigo da autoria de Sandra Luísa Soares
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