Crónica

TRAGO-ME NA BARRIGA

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Acho que estou grávida. O bebé sou eu. A parteira é a Ryanair.

Pelo momento em que lerem esta crónica já eu estarei em Barcelona por entre um parto que se avista calmo e sem problemas.

Digo que estou grávida por diversos motivos. O primeiro deriva do facto de a sensação antes de uma aventura ser nauseante de tanto êxtase. Tenho sentido voltas na barriga, medos, inseguranças e elevadas expectativas. O segundo motivo resulta da preparação da mala para o parto. Tenho preparado as roupinhas, pensado nas eventualidades e planeado todo o processo várias vezes. Para além de tudo isto, estou em fim de gestação de um “eu” renovado e acho que vou (re)nascer em Barcelona.

Todos temos em nós pequenos “eus” preguiçosos. São inertes. Precisam de um incentivo nosso para nascer. De uma ida à bola, de uma paixão, de uma peça de teatro, de um concerto incrível ou de uma conversa franca…  Podem-nos rebentar as águas a qualquer momento, porque são nestes momentos que nos sentimos vivos e a vida pulsa em nós de forma diferente. Adquirimos novos ideias e formas de estar, diferentes gostos e perspetivas. Renascemos, quase.

E eu sinto que estou prestes a dar à luz, porque Barcelona é um desses sítios em que a brisa traz arte, cor, história e alegria. A sala de parto está, portanto, equipada para que tudo corra bem. Só tenho que relaxar.

Quando regressar venho mais rica, colorida, renovada e com a velha Luísa na bagagem.

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