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Crónica

COMPETITIVO OU COOPERATIVO

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Deparamo-nos com um mundo competitivo. Não por natureza, essa que se diluiu durante os tempos e consoante as necessidades. Famílias geraram-se, nações forjaram-se e as animosidades cresceram. Não mais a entreajuda e a partilha foi a prioridade, mas sim a quase seleção natural de Darwin que se deu a um nível social. Comprova-se isto na rotineira fogueira que é o mercado de trabalho. Autentica-se a deixa “salve-se quem puder”.

Na economia, o panorama não diverge. Com raízes colonialistas, as nações apoderam-se dos recursos naturais, físicos, sociais e tecnológicos como quem se apodera de uma peça de roupa ou de um alimento. O objetivo é consumir de modo a que se propicie a supremacia. Nada nem ninguém pode tocar nos recursos que são inquestionavelmente seus. A competição aguçou-se no momento em que, trazendo à baila os litígios individuais e bélicos, se fez crer que a melhor nação seria a mais poderosa, a mais produtiva, a mais relevante. A economia internacional nunca se desvinculou de tão profunda e nociva espiral.

As crises implodiram no momento em que tamanha ganância, acompanhada pelo seu quê de inconsciência, ultrapassou os limites do controlo institucional e humano. O cerne reside na aludida inconsciência, que se consolidou com a passagem dos anos, das décadas, dos séculos. A educação e os genes beberam aquilo que a História ditou, seguindo os preceitos que norteavam a economia e, consecutivamente, a vida do comum civil. A hierarquia, que inicialmente aparentava partir do particular para o geral, acabou com o desenrolar dos tempos, por se inverter.

O cenário revela-se tenebroso. Não havendo muita margem de manobra, impera saber construir ilações sobre os passos em falso dos últimos tempos. Qual é a antítese da competição? Uma realidade colaborativa, cooperativa, comunicativa, em que as premissas essenciais estão assentes na construção de relações de benefício mútuo. Como a origem deste contexto remonta para a expansão do individual para o particular, a retificação não poderá tomar rumo distinto.

Começa em nós a inflexibilidade de pensar no outro. Num ambiente em que o primeiro lugar é o objetivo, tudo vale. A atitude, não obstante ser a adequada, transpõe, muitas vezes, os seus traços normais. Nada mais importa do que ganhar, do que superar o outro, do que obter toda a glória para si. No mercado de trabalho, isto arrasta-se. Importa ser o melhor, o suprassumo. É o umbiguismo pretensioso e narcisista que delineia grande parte das convulsões dos nossos dias.

Onde está o verdadeiro significado de sociedade, aquele que versa no dicionário? Nunca esteve tão perto de se extinguir. Todos deviam efetuar uma reflexão a este algo que direta e indiretamente nos condiciona e nos constrói. Vamos a tempo de alterar tão enraizado e rígido paradigma. Somos capazes de apelar ao mais nobre da nossa condição humana e de incentivar à entre-ajuda, à partilha, à construção de sinergias e de relações em que a lisura, a verdade, a integridade e a irmandade sejam quem mais ordena. Que se coopere e que se prospere.

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