Crónica
UMA QUESTÃO DE IGNORÂNCIA
A antiga primeira-dama dos EUA e esposa do presidente Ronald Reagan, Nancy Reagan, faleceu este domingo. Como acontece quando uma figura relevante morre, os jornais revivem a sua imagem e tornam-na capa. Então, só depois da sua morte muitos são confrontados com a vida de mais um ser humano que fez parte da cultura de uma época, e eu sou confrontado com a questão da minha ignorância.
Primeiramente, devo admitir que, embora assumisse que o Ronald Reagan tivesse sido casado, eu não conhecia Nancy Reagan. Mesmo sobre o presidente não sei mais senão que ele fora um ator que se tornara líder do mundo livre na década de 80.
Logo, não consigo evitar pensar na quantidade de conhecimentos que andam por aí neste mundo e aos quais eu não consegui ainda chegar e, pior, saber que nunca conseguirei chegar sequer a um centésimo da sabedoria universal. Como é que esta senhora, descrita pelo New York Times como “influente”, nunca me chegou aos ouvidos até não fazer mais parte deste mundo? Não a culpo a ela por não ter sido relevante o suficiente, mas culpo-me a mim por não me ter informado o suficiente.
Claro que esta questão não se limita à morte de Nancy Reagan, mas sempre que alguém de alguma importância morre, o seu culto reacende-se. Temos, por exemplo, Michael Jackson, Amy Winehouse, Robin Williams e, mais recentemente, Alan Rickman e David Bowie. Todos estes músicos e atores foram homenageados e relembrados aquando da sua morte, e nós egoisticamente esquecemo-nos de como os ignoramos durante tanto tempo até então.
No entanto, embora o alerta da sua existência tenha sido feito à geração atual e, alguns possam, pelo menos, dizer que sabem o seu nome, Mrs. Reagan voltará dentro de umas semanas para o seu caixão do esquecimento, talvez ainda mais rapidamente que os nomes mencionados acima. Assim, para não esquecerem mais uma vida que passou por este mundo, fica aqui referida uma pequena parte do seu trabalho. Enquanto primeira-dama e embaixadora da prevenção do uso de drogas e abuso de álcool, Nancy Reagan criou a frase icónica “Just Say No”.
Finalmente, dá-me alguma satisfação saber que esta senhora teve, pelo menos, um pequeno impacto em mim, ela fez-me relembrar a tal questão da ignorância. De facto, nós não sabemos que não sabemos até sabermos, por isso pesquisem sobre Nancy Reagan, aprendam a sua importância na cultura americana do século XX e tentem escapar à questão da ignorância. Uma pessoa de cada vez.
João
09/03/2016 at 23:56
Este autor manda cada uma. Devia fundamentar mais.
mmalicia
21/03/2016 at 00:29
Muito bem