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Crónica

EXAMES NO VERÃO

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A roupa encolhe, sua-se, procuramos a ventoinha, besuntamo-nos com o protetor solar SPF 50 ou aquele óleo manhoso com qualquer ingrediente de outro mundo, tomam-se 10 banhos por dia e, geralmente, come-se muito e bebe-se ainda mais, tentando manter aquele beach body do ano passado, porque não há fôlego para nada nestes 30 graus à sombra!

Acrescento, ainda, os 5 minutos de choro, porque vê os avecs já de férias, a encher a praia da aldeia com as bandeiras das quinas, e as barrigas de cerveja dos idosos que emigraram para a França nos anos 60.

Tudo isto para enquadrar as descargas de adrenalina que completam os meus dias neste início de verão, em que os dias são longos, a temperatura chega a ponto de fusão e dá-se a morte temporária das capacidades cognitivas na tentativa hardcore de snifar o protetor solar para crianças.

Podia ser uma crónica de verão, mas não é. Vou esperar mais um mês para a poder escrever, quando finalmente me deitar às cinco da manhã por não conseguir adormecer, apanhar um escaldão por ter adormecido ao sol de barriga para baixo, marcar os óculos na cara, bronzear dos joelhos para baixo, ficar na piscina dos pequeninos (a vê-los nadar na piscina de 1,80 metros)… Enfim, quando tiver oportunidade de fazer mil e uma coisas sem me preocupar sair de casa com a certeza de que vou passar alguma vergonha.

Começa julho e prepara-se a festa popular da freguesia. Durante uma hora e meia ouvem-se covers de todo o repertório popular português e espera-se a meia-noite para o fogo de artifício. É a época das festas por natureza! Casamentos e batizados e a tentativa desenfreada da minha mãe em me pôr um fato.

Este ano, sincronizamos o Euro 2016 e, ainda que não goste de futebol, ver a seleção ajuda na desculpa para beber mais do que aquilo que é permitido num dia da semana às seis da tarde. O resto é fingir que percebi o que aconteceu, ainda que só saiba o que é um fora de jogo e um penálti.

Os familiares chegam a Portugal para aquelas semanas das férias e instala-se o caos com os primos e os primos dos primos e mais uns familiares distantes. Em cinco dias o que era uma aldeia com cinco famílias e pouco mais de vinte pessoas torna-se um qualquer acampamento para uma árvore genealógica medonha em que o incesto não é tolerado, mas passa lá perto.

As pessoas juntam-se, trocam novidades, fazem-se e desfazem-se amizades e o verão passa. Porém, o meu ainda nem sequer começou. Por enquanto, vou marrando nesta pilha de powerpoints para poder pagar as minhas férias no Algarve quando chegar à reforma. Ou então para poder viajar de volta a casa depois de umas férias em Portugal.

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