Crónica

BREVE CURSO DE DECIFRAÇÃO DE SMS’s

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Às vezes, ao fim do dia, dou por mim a encontrar o solitário telemóvel abandonado no meio das almofadas, com três ou quatro chamadas perdidas e umas quantas mensagens desesperadas (chegam mesmo a tornar-se ameaçadoras) dos meus amigos.

Nunca fui uma utilizadora sôfrega do telemóvel, apesar de em muitas situações me ver necessitada dele: afinal de contas, preciso inúmeras vezes de confirmar se estou sozinha no ponto de encontro combinado, porque toda a gente encontrou o verdadeiro amor pelo caminho e decidiu fugir com ele para Milão ou porque, simplesmente, estão atrasados.

Mas, se no início as regras dos SMS eram umas, com o tempo fui-me apercebendo de algumas coisas que mudaram dramaticamente e que podem conduzir a alguns erros fatais: o “lol”, frequentemente mal interpretado, já não corresponde a “laughing out loud”, mas sim a um riso escarninho, irónico, de absoluto desprezo; há pessoas que conversam só com emojis e mesmo assim entendem-se; finalmente já não se eskreve kom kapas no meio das palavras; a maioria deixou de reconhecer o ponto final como um mero sinal de pontuação, mas sim como o vislumbre de alguém zangado. Se te enviarem um “Está bem.”, é melhor preparares-te para o pior.

Como é óbvio, estas generalizações são ainda menos fiáveis do que as dicas para lidar com a vida amorosa da revista “Happy”, mas, ainda assim, sugiro aos inexperientes no que toca a mensagens que dediquem algum do seu tempo a um curso de iniciação, pois, parecendo que não, este é um mundo extremamente complexo.

 

(Escrito ao som de “The General” dos Dispatch)

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