Crónica

BALCONY SESSIONS

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Os carros que passam mal se apercebem da vida nas varandas, dos segredos e confissões que aí se escondem. São mundos paralelos. A varanda de risos resguardados e o carro com a rádio a barafustar furiosa.

As Balcony Sessions a sós são ideais para os introspetivos e poetas que apreciam estar acordados enquanto os outros dormem ou enquanto os outros dançam. São boas para observar o céu estrelado e rabiscar pensamentos em guardanapos.

Apesar disso, aquelas com mais de uma pessoa são as minhas favoritas: toda a gente ri baixinho para não espantar os gatos que se passeiam furtivos pela rua. Todos murmuram daquela forma noturna, em jeito de confidência, para os vizinhos não ouvirem.

No Verão as Balcony Sessions são mais perfumadas e os grilos acompanham o sussurrar das histórias, mas no Inverno também têm o seu quê de poético com o som da chuva e o roçagar do vento a embalar as pessoas.

Sinto alguém lá em baixo a espreitar cá para cima. Se imaginasse que estou a procurar inspiração numa varanda…

(Escrito ao som de “Old Friend” de Angus & Julia Stone)

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