Crónica

AS FONTES DOS NOSSOS TEMPOS

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Estamos num impasse. Nós, que nos queremos informar e estar a par das coisas tal e qual como elas são. Passar ao lado de um viés fácil e convidativo não é fácil. Os órgãos de comunicação social não lhe estão alheios. Não é difícil pisar poças que acabam por molhar todo o discurso informativo e, por conseguinte, por o distorcer.

Na era da informação, é com preocupação e atenção que se olha e se deve avaliar as fontes consultadas. Grande parte dos conteúdos elaborados e publicitados são transmitidos de forma gratuita ao leitor, tornando-se num modelo de negócio difícil de gerir e de sustentar. São problemas conjunturais e de setor cujas solução não param de ser propostas. No entanto, a génese daquilo que é a atividade jornalística vê-se com um problema de núcleo: a informação começa a não ser suficiente para captar o consumidor (usando um termo mais “negocial”). É preciso algo mais.

A notícia começa a incentivar uma reação emocional e não racional. São menos os factos apresentados e mais os sensacionalismos e os títulos do tão comum estrangeirismo “tabloid”. As grandes letras resgatam a atenção de um olhar que se pretende informar mas que se vê sombreado por um esclarecimento vago, por mais notórias que sejam as palavras. Quem se quer informar depara-se com a necessidade de problematizar aquilo que lê e aquilo que sente ao ler. A era da informação tornou-se exigente não só para o produtor mas também para o consumidor. Para este, já não basta ler e interiorizar. É preciso perceber e compreender se isto está real e devidamente sustentado.

Num tempo de tamanha gratuitidade, não é fácil discernir sobre aquela que é a informação credível. São muitas as fontes e, em várias ocasiões, diversas as formas como se abordam os mesmos factos. São vários os caminhos assumidos por aqueles que representam os órgãos veiculadores da informação, esta que representa a base de todo e qualquer conhecimento. Por essas é que se debate muito de novo sobre a pertinência da investigação jornalística, em que os dados colhidos em bruto são estudados e dissecados, formando este trabalho a tal informação criteriosa e fidedigna.

São vários os dilemas com os quais nos deparamos nesta aquisição de informação e na assimilação de conhecimento. São problemáticas que merecem ser estudadas de forma intrínseca e extrínseca, apelando a que o viés não se torne uma recorrente arma que insidiosamente toma conta daquele que redige e que partilha. A informação é a arma mais crucial que uma sociedade tem para se mover, tanto de forma individual como coletiva. Só a informação poderá acrescentar ferramentas para uma discussão fundamentada e coordenada perante os desafios existentes nacional e internacionalmente. Estamos obrigados a contactar com os órgãos de comunicação para que essa informação seja atual, premente e consciente. Só depois dessa informação chegar a nós é que podemos assumir posições e proclamar convicções.

Existem livros, ensaios, magazines, manuais e demais publicações. No entanto, são os órgãos de comunicação aqueles que são responsáveis por informar as diferentes comunidades de forma isenta e integrada. Trata-se de uma ética e de uma deontologia das quais o jornalismo não pode prescindir. Apesar do jornalismo profissionalizado ter nesta era atual uma série de desafios aos quais precisa de responder para se suster, importa não mascarar a sua génese informativa e vinculativa em relação ao leitor. O conhecimento massificado parte essencialmente daquilo que os jornais e outros canais de comunicação social divulgam. Assim, exige-se ao produtor que os conteúdos sejam fiáveis e alheios a enviesamentos e ao leitor/consumidor que avalie as fontes de forma fria e descomprometida. Só assim a sociedade encará com olhos limpos e conscientes a realidade da qual todos procuram estar cientes.

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