Crónica

ENSAIO SOBRE O SER

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Chego a este dia chuvoso, contudo ameno, num sobressalto. Se há meses em que necessito debruçar-me sobre variados temas para decidir qual o mais pertinente para devida abordagem, este mês não consegui sentir uma importância imanente de qualquer tema. Suponho que será porque caímos numa rotina de ridicularização política com um governante inexperiente que continua a ser caricato e ao mesmo tempo, assustador, levantando o véu de um futuro incerto e negro e da velha rotina da balança desequilibrada pelos rótulos da sociedade onde se acabam por gastar palavras num vento que as leva sem que as possamos ouvir em concreto.

Vejo-me num túnel a nível crítico, e a luz parece tão, tão, tão distante. Cansa-me opinar sobre uma sociedade tão acostumada à mediocridade quando em tempos almejou a glória, cansa-me pensar, cansa-me ler, cansa-me escrever, cansa-me a existência. É vã esta existência nossa, ausente de essência, de um propósito empírico marcado pelas vivências, pensamentos e reflexões; pelos desafios do ser e da mente. Fomos criados, segundo a imagem cartesiana, seres pensantes, mas debruçando-nos sobre o Homem de hoje, parece tão distante esse pensamento. Ainda somos capazes de pensar? De refletir?

O admirável Sir Winston Churchill dizia que «o sucesso não é final, o fracasso não é fatal: é a coragem para continuar que conta». Volvidas várias décadas, este pensamento é cada vez mais pertinente. Após cada fracasso como Humanidade, cada passo menos acertado, a única forma de sobreviver e prevalecermos como seres pensantes, desafiando o limite da nossa capacidade pensante é através da coragem e bravura que mostramos após esses mesmos fracassos. Tornamo-nos tão acostumados a ser apenas medíocres quando a glória e a plenitude está totalmente ao alcance do nosso ser.

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