Crónica
A PATETICE DE CRER PODER MUDAR O MUNDO E A PREGUIÇA EM DESISTIR
(Aspirante a) Jornalista. Patética. E preguiçosa. Tudo o que sempre quis, impreterivelmente, ser, desde que me conheço.
Numa sociedade acrítica e passiva, acreditar poder mudar o mundo é uma ideia surreal, patética. Aqueles que lutam por um sonho são patéticos. Aqueles que querem incitar nos outros o pensamento crítico também o são. E a preguiça sempre andou de mãos dadas com a patetice, tendo em conta que os patetas, independentemente do que os outros dizem, nunca se esforçam para desistir de acreditar.
Passos Coelho tem razão. Os jornalistas são patéticos e preguiçosos. Os jornalistas contam histórias porque acreditam que com elas conseguem, mais do que informar e ensinar, mudar mentalidades e apanhar muitos “coelhos” fora da toca ou, por outras palavras, desconstruir a máscara que alguns, a todo o custo, constroem. E acreditam mesmo! Patéticos! E insistem em lutar por uma profissão (supostamente) sem futuro e por um futuro dentro do próprio país, apesar de o Primeiro Ministro os tentar convencer do oposto. Exemplo vivo de preguiça!
Quão patéticos e preguiçosos são os jornalistas! E é por isso que eu quero sê-lo. Quero ser pateta, mas tão pateta ao ponto de me querer submeter aos mais variados focos de pressão e viver essa profissão perigosa e apaixonante. Quero ser, também, preguiçosa, para que nunca tenha pachorra de procurar algo mais fácil e menos desafiante.
Somos preguiçosos? Somos, porque temos preguiça em procurar um outro curso que nos dê mais garantias de futuro. Somos patéticos? Talvez. Afinal, que será senão patetice lutar insistentemente por um sonho que dificilmente se concretizará? Vivemos no vácuo, na incerteza, e mesmo assim não desistimos. Temos preguiça em desistir, porque vivemos na ideia patética de podermos mudar mentalidades, sociedades, o mundo.
Sim, sou patética, e preguiçosa por não querer deixar de sê-lo. Não me censurem por isso. Não tenham preguiça de guardar o lápis azul no estojo e deixem-me viver na patetice.