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Crónica

PORQUE NÃO VAMOS A “REFERENDUM” COMO NA ISLÂNDIA?

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Mafalda Cardoso

Mafalda Cardoso

Austeridade vs Dignidade Humana, eis a questão.

Porque o PSD já não é Sá Carneiro, porque o PS está manchado, porque o Portas é o mais “homo politicus” de todos. Porque seria tão mais simples se no interior dos partidos não existissem divisões nem tabuleiros de xadrez interpartidários para o bem da democracia e real consagração do Estado de Direito em Portugal. “Well, but it’s the way it’s, it’s politics”.

Então face a esta irreversabilidade, resigno-me e concedo o meu descrédito a todos os actores políticos inseridos em qualquer instituição de poder, porque a máxima “dedutiva” face a esta questão prevalece?! O argumento a favor das medidas do IMF para colmatar os principais problemas que o país enfrenta é o argumento puramente económico.

É verdade que estamos a sofrer na pele o que já vem de há muito muito tempo, das últimas duas ou três gerações. Gastámos mais do que devíamos, pedimos emprestado o que não tínhamos, quisemos viver acima das nossas possibilidades e agora estamos a pagar por tudo isso. “What goes around, comes around”.

No entanto, e já perante a total “aniquilação” da classe média portuguesa, muitos vão acabar por sofrer porque oligarquia portuguesa ainda persiste e é quem lança os dados e sai aí a derrubar peões e cavalos. Para que as medidas de austeridade “outweigh the cons” seria necessário estarmos ao nível de um país qualquer do Norte da Europa, o que significa que seria necessário haver o controlo da inflação para reduzir substancialmente o desemprego. Porque basta ser notícia “melhoria do clima económico” e “recuperação da confiança dos consumidores” para muita malta começar a gastar novamente mais do que deve.

O problema dos portugueses é muito simples e tem a ver com uma questão de mentalidade: a malta portuguesa em geral é ainda muito materialista. Ainda temos reminiscências dos nossos antepassados aka grandes senhores feudais. Ainda vivemos na era do que fica bem, do que é de bem e do vizinho.

E como é que a mentalidade muda? Não basta só um ou dois é necessário uma nação inteira para os problemas começarem a esbater-se. Do outro lado existem soluções que convergem naturalmente na “solução” a longo prazo. É necessário alternativas, plataformas de apoio que tenham que ver com “a cana da pesca para pescar e não o peixe”. É isso que Portugal precisa. Não precisamos de “paternalismos” europeus. Precisamos de mais “canas de pesca” para crescermos num todo. Porque não vamos a “Referendum” como na Islândia?

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