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Crónica

O MUNDO ESTÁ CADA VEZ MAIS OFFLINE

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A comunicação social tem dado conta do número gigantesco de pessoas dependentes das redes sociais. Os estudos apontam que 70% dos jovens sofrem de tal adição. É um número assustador, no mínimo. E vai continuar a crescer.

São muitos os que se rendem aos infortúnios de uma realidade virtual. Neste contexto, é de aplaudir o trabalho do senhor Mark Zuckerberg. Está de parabéns. Revelou-se um grande profeta. Conseguiu juntar um mundo inteiro numa aldeia erguida por si em 2004: o Facebook. É lá que impera uma nova vida. Porém, uma vida anti-social.

As grandes listas de amizade enganam bem. Hoje, fazem-se “amigos” com base no número de likes e seguidores. Os meninos e as meninas desinibem-se por completo e vão à caça da fama com fotografias que os sexualizam. Marcam encontros cibersexuais e procuram a aprovação de uma beleza inexistente. E os mais ajuizados ficam para trás por não se venderem a estes impropérios.

As relações dos velhos tempos começam a destruir-se e as mais modernas revestem-se de uma autêntica artificialidade. Estão sempre a precisar de validação externa. Não são cultivadas além de um universo onde o que importa é ser conhecido. A tradicional relação face a face começa a implodir e os casos de depressão sublevam-se inevitavelmente perante o isolamento. É o que nos diz a imprensa internacional. Este efeito de apodrecimento social começa a preocupar psicólogos e psiquiatras em todo o mundo.

O profeta da Apple, Steve Jobs, também conseguiu converter muita gente à anti sociabilidade. Começou em 2007 a atulhar o planeta com iPhones, iPads e tudo mais. O efeito da emergência desses aparelhos tão sensíveis ao toque e tão reduzidos na sua dimensão não se fez esperar. Sobrepuseram-se ao convívio social, fazendo emergir o egoísmo e cortando as ligações entre as pessoas. É curioso, porque esperava-se exactamente o contrário.

O mais importante agora é instalar as novas aplicações e partilhar o prato de comida junto de desconhecidos. Em todo este contexto, amigos e familiares são relegados para segundo plano.

As criancinhas, até há 15 anos atrás, brincavam com lápis de cera e viviam felizes sem ter de acariciar ecrãs luminosos. Hoje é inconcebível crescerem sem a distracção de um dispositivo tecnológico.

As mentes mais frágeis deixam-se dominar pelo poder de sofisticados telemóveis e tablets e mergulham numa espécie de “insanidade tecnológica”. A dependência surge, por isso, desde tenra idade. Muitos chegam até a tratar estes novos engenhos como seres vivos carenciados. Basta olhar para o modo como os transportam nos braços.

A própria ciência já se encarregou de dicionarizar o termo “nomofobia” para designar o medo sentido pela possibilidade de se ficar sem telemóvel. Começa a ser complicado perceber como as pessoas conseguem prestar tanta fidelidade a ecrãs que se desligam nas suas caras.

Contas feitas, o mundo começa a fechar-se em si mesmo à mercê das redes (anti) sociais e das novas tecnologias. Está cada vez mais offline.

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