Crónica
HIPERTEXTO URBANO

Passando da geografia dos lugares para a geografia dos sites, entra-se no hiper-espaço, um espaço de relações múltiplas que não está confinado em limites precisos ou características imutáveis. Os lugares narrados dão a ilusão do encantamento, da poesia habitada por génios e espíritos. Quando não se revela a poesia, costumam-se chamar não-lugares a tudo o resto, mas nem o Marc Augé juraria ser verdade. Os sites são lugares neutros; só tomam sentidos quando são visitados, experienciados, vividos, usados e assim passam a existir com as suas maravilhas e pesadelos em cada um de nós.
Os sites definem-se segundo os seus conteúdos, ligações e modos de aceder. Localizam-se em espaços topológicos onde o perto e o longe não são medidas da geometria de Euclides. “Acessar” é a palavra brasileira que define a facilidade ou a dificuldade em navegar pelo espaço relacional. Edifícios são apenas contentores, e estradas, ruas, telemóveis, Internet, autocarros, auto-estradas,… são conetores e condutos que definem uma territorialidade. O resto é o assunto das boas e das más raparigas: as boas vão para o céu e as más vão para todo o lado. Já se sabe que a mobilidade – a social e a territorial – está e estará sempre mal distribuída.
