Devaneios

BOLONHESA TRIENAL

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Três anos passam num instante. O semestre, se virmos bem, é pouco mais do que um trimestre armado em carapau de corrida. A gente bem que quer aprender, mas não há lá muito tempo para isso…

Estudar para compreender e reter a matéria está ligeiramente fora de questão. Na realidade, pelo menos no meu caso – tripas macroscópicas ou microscópicas e os morangos são frutos secos (Biologia) –, onde realmente se vai buscar o verdadeiro conhecimento, o que fica para a vida, é a workshops, estágios extra-curriculares, palestras e outras atividades paralelas às quais um gajo tem de se manter atento.

Repare-se: uma frequência aqui, três exames acolá; o indivíduo estudante tem, feitas as contas, tempo para pouco mais do que se preparar para enfrentar meia dúzia de páginas satânicas. À saída, juntamente com as folhas de rascunho, deixa-se no caixote do lixo o grosso dos assuntos marrados.

Subitamente apercebo-me de que esta reflexão de final de época de exames está muito séria para o meu gosto, e decido tirar um parágrafo exclusiva e solenemente para escrever: pénis.

Retomando, é claro que este negócio de Bolonha tem as suas vantagens, nomeadamente facilitar o processo de Erasmus e a troca de informações entre universidades. Note-se que também é certinho que neste nível de ensino ninguém vai mexer uma palha por nós, alunos. Não, cada um tem de encontrar motivação e meios (partindo do princípio que os há) para se desenrascar e conseguir alcançar os objetivos que o próprio definiu. Porém, no meu dia-a-dia universitário sinto que as coisas podiam simplesmente ser feitas com uma outra calma e um outro cuidado. E com mais churrascos pelo meio se possível!

Noutro dia, a discutir a metafísica do ensino com um amigo meu que se queixava da sua má estruturação, ocorreu-me algo que me parece ser acertado. Ele queixava-se que, entre o esquecimento e o ter de alombar com assuntos que lhe eram irrelevantes, pouco ou nada lhe ficava. Não obstante, há duas coisas que penso que permanecem nos nossos corações de “poetas livres” (como dizia o Agostinho da Silva, prestes a perder as estribeiras com o Miguel Esteves Cardoso!) a saber: primeiro, um dia em que realmente quisermos saber algo, já sabemos onde procurar; depois, há aquela questão de pelo caminho, ao fim de tanta aula e tanto exame, desenvolvermos notavelmente a nossa capacidade de assimilação, que não é coisa pouco importante!

Mas no fundo tudo isto serviu para ganhar lanço para vos declamar:

– A vida é um estágio não remunerado, krida!

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